8 de novembro de 2014
No escurinho, PSDB e PT se entendem
No escurinho, PSDB e PT se entendem
Comentário
de Julio Severo: No escurinho,
conforme aponta Josias de Souza, o PSDB negociou com o PT. Se o PSDB tivesse
ganho, nada mudaria: as negociações nos bastidores continuariam. O eleitor
entrou na lama para ajudar um dos dois negociadores, pensando que ao votar,
traria alguma limpeza. Mas os porcões continuaram dominando, levando milhões ou
bilhões. E o eleitor? Como sempre, não leva nada, a não ser patadas dos porcões
e lama na cara. Apesar da novela política ser sempre a mesma, o eleitor não
cansa de bancar o papel de jumento numa história em que, no escurinho, os
porcões sempre se entendem.
No escurinho da CPI, PSDB e PT se entendem
Josias
de Souza
Sob refletores, Aécio Neves fez um pronunciamento de mostruário no plenário do
Senado. Peito estufado, soou enfático: “Chamo a atenção desta Casa e dos
brasileiros para o que vou dizer.” As frases saltavam-lhe dos lábios embebidas
de sangue. “Qualquer diálogo tem que estar condicionado especialmente ao
aprofundamento das investigações e exemplares punições daqueles que
protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história desse país, já
conhecido como petrolão.”
Com loquacidade ensaiada, Aécio aproveitou os mais de
51 milhões de votos que recebeu dos brasileiros para elevar a estatura da
oposição. Longe dos holofotes, no
entanto, o PSDB dialogou com o PT para rebaixar o teto na CPI da Petrobras. A
portas fechadas, tucanos, petistas e Cia. definiram o que não desejam
investigar. No melhor estilo uma mão suja a outra, tiraram de cena políticos e
operadores que estão pendurados de ponta-cabeça no noticiário sobre o escândalo
da Petrobras.
Pelo lado do PT, foi à gaveta o requerimento de
convocação do tesoureiro João Vaccari Neto, acusado de fazer o traslado da
propina da Petrobras até as arcas do petismo. Enfurnaram-se também as
convocatórias da senadora Gleisi Hoffmann e do seu marido, o ministro Paulo
Bernardo (Planejamento). Ela foi apontada como beneficiária de uma youssefiana
de R$ 1 milhão para a campanha de 2010. Ele foi mencionado como uma espécie de
agenciador.
No
jogo de proteção mútua, o tucanato tirou de cena um potencial depoente chamado
Leonardo Meirelles. Trata-se do empresário que, investido da autoridade
de laranja do doleiro Alberto Youssef,
declarou à Justiça Federal ter repassado propinas extraídas de negócios da
Petrobras para o deputado pernambucano Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB
federal, já morto.
Os acertos que transformaram o discurso de Aécio em
palavras cenográficas foram feitos numa reunião a portas fechadas, antes do
início da sessão da CPI. O repórter Gabriel Mascarenhas conta que o deputado petista
Marco Maia, relator da comissão, achou tudo normalíssimo: “Gente, foi um acordo
político, feito por todos os presentes, que se resolveu, em função da falta de
densidade das denúncias, não produzir nenhum tipo de oitiva neste momento.''
O deputado tucano Carlos Sampaio dançou conforme a
música, um chorinho bem brasileiro: “Decidimos excluir os agentes políticos e
os citados nas delações premiadas. Abrimos mão de ouvir Gleisi e Vaccari. Todo
mundo concordou.'' Repita-se, por eloquente, a última frase: “Todo mundo
concordou”. Espanto! De novo: “Todo mundo concordou”. Pasmo! Mais uma vez:
“Todo mundo concordou”. Estupefação.”
No
escurinho da CPI, tucanos, petistas e toda a banda muda do Congresso desistiram
também de quebrar os sigilos bancários, fiscais e telefônicos das empreiteiras
acusadas de fraudar contratos na Petrobras. Optou-se,
veja você, por requerer explicações por escrito. Estipulou-se um prazo: dez
dias. A CPI ameaça torcer o nariz de quem desobedecer.
Sempre se soube que empreiteiras enxergam na testa dos
políticos apenas o código de barras. E, de tempos em tempos, surge uma CPI para
revelar os atalhos que levam os congressistas para proveitosos diálogos com
potenciais financiadores.
Horas antes de Aécio discursar sobre suas condições
para o diálogo, Dilma Rousseff dissera no Planalto que, passada a eleição, é
hora de “desmontar os palanques”. Na CPI, as “condições''
e os “palanques'' já sumiram. Ali, tucanos e petistas estreitam a inimizade e
exercem seu último privilégio, que é o de poder escolher seus próprios caminhos
para a desmoralização. Por sorte, sempre que a Polícia Federal e o Ministério
Público entram numa jogada, como na Operação Lava Jato, a promiscuidade pode
acabar na cadeia.
Fonte:
Blog
do Josias
Divulgação:
www.juliosevero.com
Leitura
recomendada:
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