MST ocupa fazenda de transgênicos em protesto contra Kátia Abreu
24/11/2014 13:57
Por Redação, com MST - de Palmeira das Missões, RS
Por Redação, com MST - de Palmeira das Missões, RS
Em mais um sinal de protesto contra a condução do governo Dilma Rousseff para a direita, em uma clara desmonstração de apoio ao agronegócio após indicar a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mantinha, nesta segunda-feira, a ocupação a uma fazenda de cultivo de milho no interior do Rio Grande do Sul.
Considerando-se efetivada no cargo, porém, a senadora ligada aos ruralistas já faz planos para a pasta que, a ser mantida a decisão da presidenta reeleita, Dilma Rousseff, assume no início do ano. Ela antecipou a aliados, nesta segunda-feira, a disposição de integrar políticas para grandes, médios e pequenos agricultores. O projeto que ela idealiza coloca os assentados do MST como microempreendedores e, assim, passariam a ter direito às políticas do ministério.
A indicação da senadora, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), foi rechaçada por movimentos sociais e setores mais à esquerda do próprio partido da presidenta Dilma Rousseff, o PT.
Acampamento internacional
Cerca de 2 mil membros do MST e outros movimentos camponeses ocuparam, no sábado à tarde, a Fazenda Pompilho, à beira da BR 158, que liga a cidade de Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, à região oeste de Santa Cantarina. Eles participavam de um acampamento internacional dos movimentos agrários no município gaúcho antes de invadirem a fazenda de um ex-prefeito da cidade.
O protesto na propriedade que, segundo o MST, mantém 2 mil hectares de cultivo de milho transgênico, é a primeira manifestação por parte do movimento agrário depois de ter sido divulgada a informação sobre a escolha da senadora como futura ministra da Agricultura no segundo mandato do governo Dilma.
Ruralista, Kátia Abreu é considerada por dirigentes do MST um “símbolo do agronegócio”.
– Katia Abreu é símbolo do agronegócio, que tem como lógica a terra para produção de mercadorias, com uso intensivo de agrotóxicos e sementes transgênicas destruindo os recursos naturais e a saúde dos trabalhadores e de toda a população – disse Raul Amorim, da coordenação da juventude do MST.
Segundo a organização, a fazenda ocupada foi escolhida pelo uso de sementes transgênicas. O objetivo da ocupação era denunciar o agronegócio que “envenena a terra e contamina a produção dos alimentos e a água”.
No texto de divulgação pelo MST, o protesto foi ironicamente batizado de “Bem-vinda, Kátia Abreu”. Nele ainda, a organização lembra que a ocupação deste sábado na fazenda de Palmeira das Missões é o primeiro de uma série de protestos contra a senadora ruralista.
Protesto antigo
A luta do MST contra os ruralistas e o agronegócio, líderados pela senadora Kátia Abreu ocorre desde o século passado.
Neste ano, em março, uma ação das mulheres do MST na fazenda Aliança, em Tocantins, de propriedade da família da senadora Kátia Abreu (PSD-TO), denunciou a relação da ruralista com trabalho escravo, crime ambiental e grilagem de terras. A manifestação ocorreu no dia 7 de março.
Em nota divulgada sobre o acontecimento, Kátia Abreu chamou o MST de “movimento dos sem lei” e a Via Campesina, que representa um conglomerado de movimentos sociais do campo na América Latina, de “milícia”. As ofensas destinadas aos quilombolas, indígenas, ribeirinhos e camponeses contrários a seu projeto no campo tem sido constante desde que a figura da também presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) ganhou notoriedade na mídia.
Para pesquisadores de Tocantins este comportamento seria temor da ruralista pelas várias denúncias que envolvem seu nome em crimes ambientais e favorecimentos políticos no Estado.
– Kátia Abreu tem medo da exposição do seu nome atrelado a desmatamentos e grilagem de terras, justamente porque está envolvida nessas questões e por isso vive atacando os movimentos sociais e comunidades tradicionais da Amazônia – alega o professor da Universidade Federal de Tocantins, Eliseu Ribeiro Lima.
Os apelidos de “Miss Desmatamento” e “Rainha da Motosserra”, empregados à ruralista pelos movimentos ambientalistas expõem, ainda, uma trajetória política pautada pelos antigos preceitos da União Democrática Ruralista (UDR). “Essa defesa da propriedade acima de tudo vem com Kátia Abreu desde que era presidente do sindicato rural do município de Gurupi, em Tocantins”, comenta Eliseu.
Fonte: Congresso em Foco
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