Em busca dos altares antigos: Rejeitando as raízes de Israel e acolhendo as raízes afros
O significado espiritual da visita da Secretária de Estado Condoleezza Rice a Bahia
Julio Severo
Um secretário de Estado dos Estados Unidos ocupa uma posição privilegiada que lhe permite tomar decisões importantes nas questões de política externa. Por exemplo, se ele decide que Israel deve entregar suas terras aos árabes palestinos, essa determinação deve ser cumprida, com muita pressão sobre Israel para que obedeça aos caprichos americanos.
Quem ocupa essa posição hoje é Condoleezza Rice, filha de pastor presbiteriano. Apesar de ter vivido num ambiente evangélico, com muitas pregações, suas atitudes na política externa americana com relação a Israel não refletem nem respeitam as fronteiras estabelecidas por Deus para a Terra Prometida que Deus garantiu aos descendentes de Abraão, Isaque e Jacó.
De acordo com a política de Rice, pode-se dividir Israel e Jerusalém com os árabes palestinos, violando gravemente as raízes e alianças antigas do povo judeu com Deus, porém ela não demonstrou a mesma atitude de violar as raízes e alianças antigas da África. Pelo menos, é o que se viu em sua recente visita a Bahia, Brasil, de 13 a 14 de março de 2008.
Em todos os lugares aonde chega, Rice é recebida com muitos protestos. Contudo, a visita dela à Bahia foi estranhamente tranqüila. Não havia protestos antiamericanos. Aliás, os esquerdistas que estavam com ela — Marta Suplicy e Jaques Wagner, ambos do PT — foram extremamente amáveis. É de admirar (a menos que haja fortes interesses envolvidos) como eles conseguiram conter seus habituais sentimentos antiamericanas.
A feminista pró-aborto Suplicy, que é a Ministra do Turismo, fez pós-graduação na Universidade de Harvard, a mais famosa universidade “capitalista” do mundo. Ela é pioneira em projeto de lei de “casamento” homossexual no Brasil. Wagner é o governador da Bahia. Os fortes interesses deles eram atrair e aumentar o número de turistas negros americanos para conhecer raízes afros na Bahia, que é o estado brasileiro que mais preservou o sincretismo com as religiões africanas. E da Bahia os deuses dessas religiões se expandiram para o restante do Brasil, atingindo negros e brancos.
Eu poderia dizer, pela experiência de milhões de pessoas na África e no Brasil, que as religiões ocultistas de origem africana trazem miséria espiritual e material, porém não preciso usar a experiência dos outros. Dentro da liberdade de testemunhar o Evangelho, posso dizer que as religiões afros trazem destruição, pois minha mãe seguia essas religiões e chegou a trabalhar como ajudante de uma mãe-de-santo negra. Por experiência sabíamos o que era derrota em todos os sentidos, porém Jesus a libertou numa igreja batista renovada, e seus filhos puderam ter a oportunidade de se libertar das correntes da bruxaria afro-brasileira.
Por isso, como alguém que conheceu por dentro as raízes espirituais afros, vivendo num lar consagrado a orixás, posso alertar que é um perigo mortal tentar uma aproximação a qualquer ponto de contato com os orixás.
O primeiro ponto de contato de Condoleezza ocorreu em sua chegada à Bahia, onde uma baiana a presenteou com fitinhas religiosas de várias cores. A baiana disse: “Ela gostou, escolheu uma fitinha vermelha e fez questão de fazer os pedidos, seguindo a tradição da cultura da Bahia”. A fitinha vermelha foi amarrada no pulso esquerdo de Rice. No candomblé, o vermelho faz referência a Iansã, poderoso orixá (demônio) das tempestades.
Rice veio discutir principalmente o programa de incentivo ao turismo étnico-afro, que vem sendo elaborado desde o ano passado pelo ministério de Marta Suplicy e o governo da Bahia. Jaques Wagner, o governador da Bahia, declarou: “Nosso objetivo mesmo foi contar com o apoio da secretária, até por ela ser negra, aos nossos projetos de turismo, ampliando o fluxo de visitantes negros americanos para nosso estado, já que eles têm interesse pelas raízes culturais de matriz africana”. Os projetos, que já receberam investimentos de R$ 1,3 milhão, são inspirados pelo crescente interesse dos afro-descendentes americanos em conhecer lugares no mundo com fortes raízes africanas. A Bahia é o lugar certo, pois sua capital, Salvador, não só tem muitas de suas ruas com nomes de orixás da África, mas 82% dos 2,9 milhões de seus habitantes são negros. Salvador é considerada a maior cidade negra fora da África.
Quem, porém, captou melhor a importância da vinda de Rice foi o Ministro da Cultura Gilberto Gil, que declarou: “A vinda de Condoleezza Rice à Bahia foi antes de tudo a visita de uma afro-descendente a um berço importante da Diáspora Negra, uma visita pessoal, que vai além de sua missão enquanto secretária de estado americana”. Ele acompanhou Rice em sua estadia toda na Bahia.
Num país em que religiões como candomblé são consideradas cultura dos afro-descendentes, nada mais natural do que Gilberto Gil ser Ministro da Cultura. Quando a revista Almanaque Brasil lhe perguntou o que é ser ministro, Gil respondeu: “Ser ministro já sei o que é… Eu já era ministro do [orixá] Xangô lá no terreiro do Afonjá, na Bahia”. Embora tenha o maior respeito pelos orixás, sobre Deus Gil declara: “Deus é uma criação do homem. É o criador criado pelo homem”.
Gil é também um militante esquerdista radical. Durante o governo militar anticomunista no Brasil, ele foi exilado, passando seus dias viajando pela Europa e EUA, “sofrendo” muito conforto financeiro. Na mesma época, cristãos perseguidos pela ideologia esquerdista eram “exilados” na Sibéria ou outras prisões e campos de concentração, onde viviam anos de torturas e horrores — quando tinham a “sorte” de não serem imediatamente fuzilados. Nenhum deles “sofria” confortos financeiros nem sonhava em ter o privilégio de serem deportados e exilados em Londres ou Paris, cidades ricas que Gil suportou com muito sacríficio viver.
Por isso, sendo esquerdista, é estranho que ele tenha acolhido tão bem Rice, que está estreitamente ligada a Bush. Aliás, num show de Gil em 2004, um telão atrás dele mostrava o terrorista comunista Che Guevara fumando charuto e George Bush com uma corda de forca no pescoço e a seguinte frase: “Morra, Bush, morra!” Mais tarde, Gil alegou que não tinha nada a ver com a cena de seu show pedindo a morte de Bush.
Contudo, ele pôde deixar momentaneamente de lado suas posições antiamericanas a fim de que a espiritualidade da Bahia possa se expandir para a América do Norte. Essa chance veio com o interesse oficial de Rice em facilitar que os negros americanos venham a conhecer na Bahia as “raízes” afros. Qual é a lacuna que existe entre negros americanos e negros brasileiros para que se invista tanto para que um busque sentido no outro?
Em entrevista ao jornal esquerdista Folha de S. Paulo, o antropólogo Antonio Risério se queixa do “assassinato espiritual dos africanos nos EUA”. Ele declarou: “Se tivesse acontecido no Brasil e em Cuba o que aconteceu nos EUA, não teríamos hoje um só orixá em toda a vastidão territorial das Américas”.
A diferença fundamental entre negros do Brasil e dos EUA são os orixás.
O Brasil é abundante de seguidores (negros e brancos) de religiões sincréticas afro-brasileiras e seus deuses. Cuba tem a santeria, religião de Fidel Castro e Hugo Chavez, semelhante ao candomblé. Contudo, fenomenalmente, os descendentes de escravos negros nos EUA não têm nenhuma herança semelhante ao candomblé ou santeria.
Apesar dos muitos escravos negros no passado dos EUA, a “espiritualidade” deles vinda da África — juntamente com todos os seus orixás, deuses e demônios —, sucumbiu diante da cultura cristã dos americanos. Realidade oposta ocorreu no Brasil, onde a “espiritualidade” dos africanos se misturou à fraca e doente espiritualidade dos portugueses.
A fim de fortalecer essa “espiritualidade” entre os negros da Bahia, Gilberto Gil tem viajado até a África, fazendo contatos com grandes pais-de-santo. Ninguém melhor do que ele para ajudar Rice e muitos outros negros americanos a encontrar certas “raízes”. E nenhum lugar melhor para mostra essas raízes do que a Bahia.
Entretanto, se nem Rice, que é filha de pastor, conseguiu ver o perigo de seus contatos com orixás, como multidões de turistas negros americanos poderão ver? Provavelmente, muitos acharão que é mitologia, ou realmente “cultura”, e só tarde demais descobrirão que tocaram forças muito mais poderosas e malignas. O livro The Twilight Labyrinth: Why does spiritual darkness linger where it does?, escrito por George Otis (Chosen Books: Grand Rapids, Michigan, 1997), mostra como objetos, práticas e costumes de bruxaria podem trazer forças de destruição para indivíduos, famílias e sociedades inteiras.
Não é preciso conhecer o contato de Rice com Iansã para saber que algo está errado na vida cristã dela. A política dela com relação a Israel expõe as graves deficiências de seu próprio Cristianismo.
Ronald Reagan, como cristão e como presidente dos EUA, sempre se opôs ao estabelecimento de um Estado “palestino” dentro das terras de Israel, e jamais aceitou que Jerusalém fosse divida com os árabes palestinos. No entanto, Rice tem opiniões diferentes e opostas nessas duas questões, e essas opiniões estão determinando e forçando Israel a fazer concessões contra seu direito divinamente legítimo de ocupar as terras que seus inimigos mortais reivindicam com todas as forças do inferno.
Outros evangélicos negros americanos têm assumido posturas muito mais radicais contra Israel, como a igreja negra evangélica do candidato presidencial Barack Obama, que apóia um documento terrorista que não reconhece o direito de Israel existir e favorece grupos terroristas anti-Israel. Mas a mídia liberal americana não critica os negros radicais, mesmo quando é necessário, pois a ideologia anti-preconceito transforma as minorias em castas intocáveis. Se um homem branco dissesse apenas metade das asneiras deles, seria imediatamente tachado de nazista. Mas a tendência do multiculturalismo impede que o mesmo padrão seja aplicado às minorias, tornando-as impunes — mediante uma imunidade politicamente correta — em seu próprio radicalismo racial.
A maior tragédia não é quando os satanistas fazem a vontade de Satanás, mas quando indivíduos de origem cristã fazem tal vontade. É natural que satanistas, muçulmanos e até ateus queiram dividir a Terra Prometida entre judeus e árabes palestinos. Mas é natural cristãos terem esses mesmos sentimentos?
É principalmente estranho que a filha de um pastor tenha esse tipo de postura. Aliás, Rice também se considera às vezes levemente pró-aborto — como se fosse também possível, por exemplo, alguém às vezes ser levemente satanista ou assassino.
Quando um cristão anda errado, a única saída é ele se abrir para ser tocado pelo Espírito Santo. Depois de anos de políticas desfavoráveis a Israel durante sua administração, é de duvidar que Rice esteja conseguindo se abrir para Deus. Essa lacuna espiritual está dando abertura para influências espirituais que querem ainda mais afetar Rice e, conseqüentemente, a política externa americana — principalmente com relação a Israel.
Na Bahia, Rice visitou um terreiro de candomblé, considerado patrimônio cultural nacional. Isto é, ela entrou num lugar consagrado para a adoração e manifestação de orixás. Ela também tocou pandeiro com Gilberto Gil. Não se sabe o que foi que Gil tocou, mas o que é conhecido é que ele é compositor de músicas afro-brasileiras. Ele é autor das músicas Iemanjá e Iansã, em homenagem a dois poderosos orixás da “cultura” afro-brasileira.
Por coincidência, além da fitinha de Iansã, que recebeu na chegada à Bahia, antes de sair do Brasil a Secretária de Estado Condoleezza Rice ganhou uma estátua de Iansã. Essa entidade — muito venerada no candomblé e considerada deusa na “cultura” africana Yoruba — é a Senhora dos ventos, raios e tempestades. A política de Rice com relação a Israel anda tumultuada. Agora, para transformá-la em tempestade, só falta um toque Iansã.
O exemplo de Rice revela o que poderá acontecer com os negros americanos, que vierem para a Bahia em busca de suas raízes. Virão carregados de dinheiro e curiosidade e voltarão sobrecarregados da “cultura” de Iansã e outros orixás, levando para casa as mesmas entidades responsáveis por muitas das misérias e pobreza que Rice deve ter visto na Bahia.
O PT, o partido socialista que domina hoje o Brasil, prega muito o Estado laico e até violenta valores cristãos em sua promoção do aborto e homossexualismo — tudo em nome do Estado laico. Nada disso, porém, impediu os petistas Marta Suplicy, Gilberto Gil e Jaques Wagner de ajudarem os orixás no estabelecimento de uma ponte entre os negros americanos e raízes espirituais afros na Bahia.
Aliás, embora seja antiamericano, o PT vem importando e amplificando no Brasil a ideologia das minorias dos EUA. O governo socialista brasileiro implementa o programa federal “Brasil Sem Homofobia”, cujo objetivo é eliminar toda oposição ao homossexualismo na sociedade brasileira. O governo Lula vem também implementando cotas raciais para negros e até tem uma Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial, cuja recente secretária, a negra Matilde Ribeiro, declarou: “Eu acho natural a discriminação dos negros contra os brancos”. Ela jamais foi repreendida por tal declaração racista, mas meses depois caiu por causa de corrupção financeira.
No Brasil, os cristãos já estão enfrentando perseguição por causa do favorecimento estatal à “cultura” negra. Livros cristãos que revelam as feitiçarias e sacrifícios de animais (e às vezes até de seres humanos) são proibidos, condenados como literatura racista. Há exemplos reais de importantes livros que foram retirados do mercado por denunciarem a feitiçaria das religiões afros no Brasil.
O esquerdismo dos EUA trouxe ao Brasil a ideologia da igualdade racial, que tem protegido a bruxaria africana como cultura. Qualquer crítica a essa “cultura” é considerada crime de racismo. Em sua visita ao Brasil, Rice também assinou acordos para fortalecer o combate à discriminação contra os negros — significando mais proteção à “cultura” deles. Agora, em troca, o esquerdismo do Brasil vai introduzir essa “cultura” nos negros (e brancos) dos EUA.
De acordo com a Bíblia, Rice se envolveu com demônios na Bahia. De acordo com as autoridades socialistas do Brasil, ela teve simplesmente um envolvimento “cultural”. Mas percebendo ou não, ela colaborou para que os deuses da Bahia se expandam para fora do Brasil.
Mesmo não conhecendo Cristo profundamente, algumas importantes autoridades americanas do passado tinham muito mais bom senso do que Rice. Depois de vencer o Japão na 2ª Guerra Mundial, o General Douglas MacArthur desafiou os missionários evangélicos nos EUA a aproveitarem a oportunidade para evangelizar o Japão. Ele estava tentando construir uma ponte de transformação espiritual entre os EUA e Japão.
A atitude de Secretária de Estado Condoleezza Rice de incentivar os negros americanos a encontrarem suas raízes espirituais na Bahia está construindo uma ponte espiritual. Do ponto de vista da ideologia da diversidade e multiculturalismo, as ações espirituais de MacArthur e Rice têm o mesmo valor. Mas na balança da Palavra de Deus, só alianças e raízes com Cristo trazem vida, não destruição.
Um cristão verdadeiro, sendo ou não Secretário de Estado dos Estados Unidos, não ajuda os orixás a destruir as pessoas, mas ajuda as pessoas a se libertarem dos orixás. Foi assim que, com a ajuda de cristãos que testemunham o verdadeiro Evangelho, minha mãe conheceu Jesus, foi liberta dos orixás e se tornou uma nova criatura. Dou graças a Deus porque na vida dela o poder do Espírito Santo prevaleceu sobre os orixás. Se não fosse o poder do Evangelho, eu mesmo hoje poderia ser um dos milhões de escravos dessa herança espiritual da África.
Fonte: www.juliosevero.com
Para ler a versão em inglês, clique: In search of the ancient altars: Rejecting the Israel roots and welcoming the Afro roots
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