DANIEL PIPES
por Daniel Pipes
National Review Online
11 de Setembro de 2012
Original em inglês: Democrats Fib Again about Israel
Tradução: Joseph Skilnik
Na semana passada houve uma controvérsia sobre Jerusalém na Convenção Nacional Democrata que, vista no contexto de incidentes semelhantes, propicia um insight importante quanto ao distanciamento velado do partido em relação a Israel.
O artigo apareceu em 4 de setembro, quando o Washington Free Beacon informou que "Jerusalém não constava" da plataforma do Partido Democrata de 2012. O fato virou notícia porque desde que se tornou lei nos Estados Unidos em 1995 que "Jerusalém deve ser reconhecida como a capital do Estado de Israel", cada plataforma dos dois maiores partidos dos EUA reitera esta afirmação. Por exemplo, no ano corrente a plataforma republicana, refere-se a "Israel com Jerusalém como a sua capital."
As reações ao silêncio dos democratas vieram de imediato: Jennifer Rubin do Washington Post chamou-a de "a declaração política mais radicalmente invalidante em relação a Israel feita por um partido importante desde a criação do Estado de Israel". Nathan Diament do Orthodox Union (judaico) classificou-a de "extremamente decepcionante". Paul Ryan classificou a omissão de "trágica". Mitt Romney (que recentemente referiu-se a "Jerusalém, a capital de Israel" quando estava em Jerusalém) lamenta que todo o Partido Democrata abraçou a "vergonhosa recusa de Obama em reconhecer que Jerusalém é a capital de Israel".
Os democratas não agiram com menos rapidez. No dia seguinte, 5 de setembro, os representantes presentes na Convenção Nacional Democrata foram informados que o "Presidente Obama reconhece Jerusalém como a capital de Israel e a plataforma do nosso partido também deverá fazê-lo". O prefeito de Los Angeles Antonio Villaraigosa pediu que votassem oralmente, para que aprovassem por 2 a 1 uma emenda à plataforma nesse sentido, bem como outra emenda.
Helen T. McFadden, parlamentar da DNC orienta Villaraigosa, "Você tem que moderar e em seguida você deve deixá-los fazer o que eles bem entenderem". Na hora dele começar a falar, ela repete a ordem: "Conduza!"
Então, no único momento improvisado da convenção, o "não" ressoou tão alto, senão mais alto que o "sim". Villaraigosa com um olhar perplexo pediu uma segunda votação oral e obteve o mesmo resultado. Aparentando indecisão sobre o que fazer, a parlamentar Helen T. McFadden aproximou-se e orientou-o "Você tem que moderar e em seguida você deve deixá-los fazer o que eles bem entenderem". Obedecendo, pediu a terceira votação. Novamente, o "não" no mínimo correspondeu ao "sim". Desta vez Villaraigosa leu as instruções doteleprompter e declarou que "na opinião da presidência, tendo dois terços votado afirmativamente, a moção será adotada". Trapaceados, os representantes anti-Israel vaiaram.
O teleprompter da DNC continha a frase "na opinião da presidência, dois terços tendo votado afirmativamente …" significando que, apesar da votação oral real, o presidente da convenção recebeu instruções para incluir Jerusalém na plataforma do partido.
Alan Dershowitz de Harvard as vaias como vindas de "elementos desonestos". O Senador. Charles Schumer(Partido Democrata de Nova Iorque) declarou que "todo mundo sabe" que a "maioria esmagadora" dos Democratas é a favor de Jerusalém como capital indivisa de Israel. Já o ativista anti-Israel James Zogbydeclarou vitória para o seu lado: "Quando ouço todas as vaias… significa que não estamos mais isolados à margem da política americana". Qual interpretação está correta?
Nenhuma das duas. Dershowitz e Schumer estão errados em negar que forças anti-Israel estão ganhando terreno em um partido crescentemente cordial aos islamistas e vangloriar-se de um presidente cuja compreensão do Oriente Médio é, conforme coloca o National Review, "mais para Edward Said do que para Bernard Lewis." O fato é que os representantes do partido estão divididos equitativamente em relação a Jerusalém como capital de Israel. Só que, contrário a Zogby, o fato de Obama ter que intervir pessoalmente e mudar a plataforma sinaliza o quão amplo o público americano apóia Israel e que a frieza em relação a Israel causa desgaste nas eleições nacionais. Vaias contra Israel vindas de representantes do Partido Democrata atingirão negativamente os eleitores, efetivamente, a campanha de Romney planeja reapresentar o incidente – que o New York Sun corretamente chama de "a matéria que define a convenção [Democrata]" – nos anúncios de campanha.
Debbie Wasserman Schultz, flagrada duas vezes na semana passada fazendo armações sobre o tópico Israel.
A atitude normal e moral seria a parlamentar McFadden fazer com que Villaraigosa declarasse a emenda rejeitada e não ordenar que ele errasse na contagem dos representantes e atropelasse em favor da emenda pró Israel. Lamentavelmente, a exibição pública de fraude se encaixa em um padrão mais amplo de duplicidade do Partido Democrata vis-à-vis Israel. Pense nos três itens a seguir:
- A Presidente do Comitê Nacional Democrata Debbie Wasserman Schultz acusou na última semana o Washington Examiner de "deliberadamente" distorcer suas palavras sobre o embaixador de Israel ter dito que os republicanos são "perigosos para Israel", na realidade, ela mentiu duas vezes – inventando a declaração do embaixador e em seguida negando o que ela tinha dito sobre ele.
- O vídeo do Conselho Democrático Nacional Judaico, "O Que os Israelenses Acham De Obama"? na realidade falsificou declarações anti Obama atribuídas aos israelenses, transformando-as em pró Obama.
- No ano passado a Casa Branca colocou uma nova rotulagem nas legendas das fotos para retirar o uso de uma frase ofensiva, a saber "Jerusalém, Israel".
Os democratas fazem de conta que são pró Israel (por motivos eleitorais) ainda que estejam mais frios em relação ao estado judeu (por motivos ideológicos). As distorções estão se tornando cada vez mais ineficazes, grosseiras e sórdidas.
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