Carta assinada por 18 bispos da “Regional Leste I” foi enviada
aos deputados e senadores. Nela os prelados lamentam a aprovação da lei
do aborto (antigo PLC 3/2013) pela presidente Dilma Rousseff no dia 1º de
agosto.
Na missiva, os 18 bispos manifestam: “profunda consternação
com o PLC nº 3/2013, e sua sanção, por não estar, realmente a favor da
vida, atentando contra um inocente indefeso no ventre materno”.
Trata-se de lamentação estéril, pois os bispos não pedem aos deputados e
senadores que façam o possível para revogar a nova lei, que abre a porta
para prática do aborto no Brasil, e sequer pedem uma mobilização dos
fiéis católicos para pressionarem seus representantes no Congresso
Nacional exigindo a revogação da referida lei.
Sempre que tomo conhecimento de atitudes estéreis de pessoas que
lamentam o arrombamento de uma porta, mas que nada fizeram para deixá-la
bem trancada, eu me lembro de um fato histórico que resumo aqui.
Com a conquista da cidade de Granada em 1492, obtida graças à
ação enérgica dos Reis Católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão,
os muçulmanos foram finalmente expulsos da Espanha, após vários séculos
de dominação.
Então, em sua fuga de volta para o Norte da África, o rei mouro
Abû`Abd Allâh (conhecido como Boabdil) chorou... Do alto de uma montanha,
olhando pela última vez para a espetacular Granada e vendo o magnífico
palácio Alhambra no qual vivia luxuosamente, ele se pôs a chorar. Vendo
seu filho nessa situação, disse-lhe energicamente sua mãe, a sultana Aixa
Fátima: “Llora como mujer lo que no has sabido defender como un
hombre!” — Chora como mulher o que não soubeste defender como
homem...
Salvo honrosas exceções, os prelados que compõem a Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nada fizeram de sério para evitar
que a “porta” do aborto fosse arrombada pela nova lei. Foram raríssimas
as vozes de respeitáveis bispos que alertaram para o iminente perigo da
aprovação do projeto lei abortista.
Na atual fase da luta contra o aborto, a CNBB — para variar... —
não quis agir firmemente. Não quis, por exemplo, ouvir a voz daqueles que
firmaram os abaixo-assinados — um dos quais com milhares de assinaturas,
entregue diretamente na Cúria Metropolitana do Rio de Janeiro — para que
os bispos pedissem ao Papa Francisco, durante sua estadia no Rio, que
instasse a presidente Dilma para vetar totalmente o PLC 3/2013. Ao que
tudo indica tal pedido não foi feito.
Alguém acha que se o Papa tivesse pedido o veto do projeto, a
presidente o teria sancionado? — Certamente não, pois ela não teria
ousado contradizê-lo num momento em que as tubas midiáticas estavam
colocadas favoravelmente sobre ele.
Mas agora não se trata mais de um projeto, pois a nova lei —
sancionada quatro dias após o retorno do Papa a Roma — entrará em vigor
90 dias depois de sua aprovação. Assim, como não recear uma nova “Matança
de Inocentes”?
(*) Paulo Roberto Campos é jornalista e
colaborador da ABIM.
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