VEJA
16/10/2012 - 10:55
Partidos
Ante repercussão das condenações de petistas de proa no STF, sigla avisa: passada a eleição, retomará 'debate' sobre controle dos meios de comunicação
A imprensa ideal do PT: sob o comando do partido (Arte VEJA)
O encerramento das eleições deste ano vai marcar a volta de uma antiga obsessão do PT: o controle dos meios de comunicação. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o secretário de Comunicação do Partido, deputado André Vargas, afirmou que o debate sobre a regulação do setor de comunicação no país - termo utilizado pelos petistas para mascarar uma intenção bastante clara: controlar o que é veiculado pela imprensa brasileira – será retomado após o segundo turno dos pleitos municipais. "É uma agenda do PT e das esquerdas. O debate vai ser retomado", afirmou.
Não é de hoje que o partido se esforça para censurar a imprensa - afinal, os meios de comunicação se transformaram no principal alvo de um partido que enfrenta uma oposição cada vez mais enfraquecida. Em setembro do ano passado, no Congresso Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado em Brasília, o partido aprovou proposta que trata da regulamentação da imprensa. Diz o texto: “A crescente partidarização, a parcialidade, a afronta aos fatos como sustentação do noticiário preocupam a todos os que lutam por meios de comunicação que sejam efetivamente democráticos. Por tudo isso, o PT luta por um marco regulatório capaz de democratizar a mídia no país”. Desde então, o partido vinha pressionando o governo a aprovar o projeto de lei sobre o marco regulatório das comunicações - que traz na raiz o embrião autoritário da censura. A pressão perdeu força diante da rejeição da presidente Dilma Rousseff. Mas será retomada assim que encerradas as eleições.
Os petistas, que insistem no tema do controle social da mídia, consideram que os meios de comunicação exageram no volume de informações publicadas a respeito da condenação da cúpula do partido durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na última semana, os ex-presidentes do PT José Dirceu e José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares foram condenados por corrupção ativa no julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, diante das claras evidências de que os sucessivos achaques ao Supremo Tribunal Federal e os ataques à imprensa livre não foram suficientes para que tivesse êxito a ofensiva lulopetista lançada para desmontar a "farsa do mensalão" - maior escândalo de corrupção da história política do Brasil -, o partido agora endurece a retórica. O presidente do partido, Rui Falcão, chegou até mesmo a tratar as condenações de petistas no STF como um "golpe"contra o PT. Como é de praxe no partido, Falcão culpou a "elite" e a "mídia". Segundo ele, tudo não passou de uma armação dos opositores que exercem controle sobre o Judiciário e sobre a imprensa.
Vale lembrar que foram justamente os petistas, liderados por Lula, que tentaram controlar os rumos do julgamento no Supremo. A estratégia incluiu, até mesmo, uma clara chantagem ao ministro Gilmar Mendes, que denunciou a ação de Lula. A mais alta corte do país, contudo, resistiu às pressões, numa demonstração de que instituições republicanas não se curvam às vontades imperiais de políticos recordistas de popularidade. No partido, há críticas também sobre a transmissão ao vivo das sessões do Supremo Tribunal Federal do julgamento do mensalão. "O Brasil é o único país do mundo que transmite sessão do STF ao vivo", criticou Vargas.
No vídeo a seguir, acompanhe o debate em VEJA.com sobre a sessão desta segunda-feira do julgamento do mensalão no Supremo:
Nenhum comentário:
Postar um comentário