LUCIANO AYAN
Esta rotina é utilizada constantemente em qualquer site de pregação neo-ateísta que se preze. Também é utilizada continuamente por associações humanistas. Jornalistas enfezados contra a religião tradicional também não se furtam de usar o truque.
Basicamente, a coisa envolve fazer qualquer tipo de protesto (qualquer um mesmo), especialmente quando se fala sobre manifestações de pessoas ou grupos religiosos, concluindo com um questionamento do tipo “Mas o estado não deveria ser laico?” ou uma afirmação como “É um absurdo que isso ocorra em um estado laico”.
Vamos a exemplos.
Imagine que vários deputados evangélicos iniciem uma campanha contra a PL 122. Isso seria uma manifestação legítima em um país democrático, certo? Não para os esquerdistas, que dirão que a existência de uma bancada evangélica é uma “afronta ao estado laico”.
Outro exemplo recente é o da comemoração de várias atletas nas Olimpíadas com uma oração em público. Segundo André Barcinski, isso é “inaceitável em um país laico”.
O exemplo já conhecido da manifestação contra a presença dos crucifixos nas repartições públicas, que foi chamado por manifestantes gayzistas e humanistas se “ataque ao estado laico”, também é uma clara deturpação, pois no conceito de estado laico não existe nada que impeça a presença de um símbolo de valor cultural em qualquer lugar que seja. Aliás, conforme já apontado aqui, enquanto há um crucifixo exibido em repartições, também existe a estátua da Deusa Dicé nos tribunais, e a existência dos jogos Olímpicos (que eram um tributo aos deuses gregos, e a pira olímpica não é menos um símbolo de religiões gregas do que o crucifixo é um símbolo de algumas doutrinas cristãs).
E assim sucessivamente, o conceito de estado laico é maquiado para ser disfarçado de estado anti-religioso ou estado humanista. E exatamente por isso o truque esquerdista é usar o conceito de estado laico como um ‘coringa’. A tendência é que futuramente se em sua empresa vários religiosos se juntarem para rezar, virá uma ação judicial dizendo que isso “viola o estado laico”. Ou mesmo quando um humanista entrar em um táxi que tenha um crucifixo pendurado no espelhinho, anotar a placa do carro, o nome do motorista e mandar um processo por “afronta ao estado laico”.
Isso ocorre por que grande parte da população absolutamente não sabe o que significa estado laico, e, então, o benefício psicológico é obtido.
Este estratagema, portanto, só pode ser revertido com uma conscientização pública (e simplificada, sem linguagem empolada, por favor) a respeito do que significa de fato o estado laico, e posteriormente, com uma campanha de contra-ataque mostrando que os humanistas, enquanto afirmam defender o estado laico, são na verdade seus maiores violadores.
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