Com justa
razão, sociólogos, economistas, políticos e cientistas
sociais têm se preocupado com a trágica realidade das
favelas urbanas. Na verdade, elas são o retrato de uma sociedade desigual e
excludente. As favelas urbanas são também a vergonha explícita da nossa
iniquidade social.
Tirar o homem da favela será pois o grande desafio
urbano/humanístico deste milênio.
Conquanto
seja deplorável ver o homem na favela, também é lamentável constatar o crescimento de uma *favela* no
coração do homem.
Tirar a favela de dentro do homem será pois um grande
desafio para os terapeutas, teólogos, conselheiros, educadores, em fim, para
todos que tem um compromisso com a existência e dignidade humana.
A *favela
interior* é o resultado do crescimento de um tipo
diferente de pobreza, marcada pela ausência de sentimentos,
valores e atitudes nobres, cada vez mais escassos em nossa sociedade
materializada.
Esta pobreza interior é denunciadora também de um *lixo interior*
que o ser humano permite que vá se acumulando pelas esquinas d*alma,
ao longo da vida.
Pelo
menos, três diferentes tipos de pobreza interior denunciam a existência de uma *favela* dentro de nós. Primeiro, é a
pobreza de espírito, não tomada aqui como uma virtude ressaltada por
Jesus Cristo, no Sermão do Monte mas, como um espírito pobre, cuja pobreza se
dá pelo excesso de egoísmo, maldade, mesquinhez, avareza, arrogância e
outros sentimentos
desta natureza. Alguém pode ter muito dinheiro, bens ou
propriedades, todavia, se possuir um espírito pobre, vive numa grande
miséria. São pessoas desprovidas da verdadeira riqueza, que é a riqueza do *ser*,
onde os sentimentos, valores e atitudes nobres constituem o maior
patrimônio.
Uma segunda
pobreza interior que denuncia a *favela* que habita em nós, é a pobreza espiritual. É o coração humano vazio de
fé, esperança, em fim, vazio de Deus. A ausência de Deus no ser humano
empobrece a sua vida. A fé é de um valor imensurável e enriquece a existência
na medida em que liberta a vida dos limites da matéria, abrindo as
cortinas do infinito e do sobrenatural. *Tudo é possível ao que crer*.
Por fim, a
*favela* que existe dentro do homem é fruto também da pobreza afetiva provocada pela ausência do amor. Quem não
ama vive mergulhado numa verdadeira miséria existencial, desprovido
de tudo que dignifica e enobrece a vida. Até a religião sem amor se
transforma em fanatismo e radicalismo. O amor produz a compaixão, o perdão
e a solidariedade. O amor enriquece a vida!
Esforçar-se para tirar o homem da favela e tirar do seu caminho o lixo que a sociedade produz é uma tarefa tão nobre quanto
urgente.
Todavia, é também urgente e igualmente nobre, o esforço para
retirar a *favela* de dentro do homem, e limpar a sua alma do lixo
produzido pelos sentimentos mesquinhos e pela ausência de Deus. A verdadeira
riqueza é a presença de Deus em nós.
Pr. Estêvam F. Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário