COMO RECONHECER UM CRENTE/EVANGÉLICO?

Este é o nome de um artigo postado em blog brasileiro. Veja o que dizem de suas filhas e de vocês, irmãos e irmãs evangélicos. Conteúdo EXTREMAMENTE OFENSIVO, impróprio para menores de idade. Fica a pergunta: ONDE ESTÃO AS AUTORIDADES DESTE PAÍS? Maiores de idade cliquem aqui.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O fracasso absoluto da moral humanista – Pt. 2 – Sem espaço para ingenuidades

 

LUCIANO AYAN

No texto “O fracasso absoluto da moral humanista”, demonstrei que o humanista Richard Carrier fracassava ao tentar demonstrar os seguintes pontos:

  1. O cristianismo não tem influência para a moralidade
  2. O cristianismo tem influência para a amoralidade
  3. Qualquer outro sistema que não o cristianismo (ou religioso) é melhor se baseado em teses científicas. A ciência deve determinar a moral, portanto todas as outras fontes de moral estão erradas.

Ao demonstrar o extremo desastre argumentativo dele, eu mostrei que: 

  1. O cristianismo é sim influente para nossa moralidade atual
  2. O humanismo tem influência apenas para a amoralidade
  3. Qualquer iniciativa baseada em definir a moral com teses científicas é pior que tanto cristianismo, judaísmo ou islamismo. E isso não significa validar nenhuma destas três como “a melhor”.

Ainda assim, o leitor Thales se indignou pelo fato de que meu posicionamento não constituía uma defesa da moral cristã, e nem foi essa a minha intenção, de forma alguma. Como ateu não-humanista, o máximo que posso fazer é reconhecer a influência do cristianismo para a moralidade ocidental, mas isso não significa validar a moral cristã como a “única” correta. Portanto, que fique claro, antes de qualquer outra coisa: meus textos não tem intenção de validar a moral cristã como a melhor, apenas reconhecer sua influência para a moralidade ocidental. No texto anterior, ignorei a quarta parte da série de Carrier, que só fora publicada pelo blog Rebeldia Metafísica no dia 3 de outubro, e a parte 5 no dia 6 de outubro, Thales reclamou de minha omissão. O fato é que a primeira parte de minha refutação havia sido escrita há uns 4-5 dias, portanto eu não podia ter refutado a quarta parte mesmo (e nem a quinta). Resolve-se isso a partir de agora.

Deixarei a demolição definitiva da moral humanista (provando que ela não é alternativa para os sistemas mais tradicionais) para a parte 3, onde mostrarei que toda a iniciativa de “deixar a ciência nos dar a moral” não passa de um truque de lançar a proposta alternativa defendida para um plano futuro, de forma que ela possa ser sempre inatacável. Nos posts Rotina: Como o homem deverá ser (ou é)… como eu sou, e Planos e tempos em uma análise de comportamentos crédulos  e  eu já comecei a tratar esta questão. Em resumo, não se pode definir “uma moral da ciência” somente de forma hipotética. Isso seria o mesmo que definir uma “moral da administração”. Sem a apresentação de exemplos (que em um discurso científico, seriam tratados como evidências, e Carrier deveria saber disso), o discurso se torna vazio. Seria o mesmo que avaliar 5 gerentes de projeto que estão concorrendo pelo prêmio de melhor gerente de projetos, e então X dizer que nenhum dos deles pode ganhar o prêmio. Ao se questionar X a respeito do motivo, ele dirá: “O gerente de projetos real é aquele que um dia fará isso, isso e aquilo, e este será o verdadeiro campeão”. O problema é que este tal gerente de projetos imaginário não existe, e foi lançado para um plano futuro somente para que X fuja da investigação sobre sua proposta. Neste ponto é claro que a moral definida por Carrier será sempre “melhor” que qualquer outra, pois ela não existe como um sistema definido. Não passa de um sistema a ser “criado” no futuro (claro que sabemos que ele está mentindo, mas ele “joga pro futuro” exatamente por isso). A parte mais divertida, no entanto, é quando usamos a ciência contra o próprio Carrier, pois de acordo com as investigações da psicologia evolutiva, qualquer proposta humanista sempre será mais irreal que qualquer proposta ateísta no quesito moral. É neste terreno que devemos demolir Carrier (no terreno científico), quando podemos mostrar que:

  • Ele mente sobre o conceito de ciência, para iludir o leitor, e fingir que ele é um “representante da ciência”; 
  • Ele mente sobre o que é a moral, para novamente iludir o leitor, fingindo que a moral é um sistema de conveniências, conforme surgiu a partir de Kant; 
  • Ele inventa um sistema moral “científico”, que não existe (e claramente não existirá, pois a ciência não tem como fazê-lo), para comparar este sistema do futuro a qualquer um que existe, e então dizer que o seu sistema imaginado fictício é melhor que os sistemas que de fato existem; 
  • A ciência, na verdade, nem sequer sustenta a ideia de que a moral é definida pela própria ciência – no máximo, a ciência pode estudar a origem de sistemas morais, e fazer tentativas de explicação; 
  • A ciência, por si só, não consegue definir que só dados empíricos são válidos para a percepção humana na hora de se tomar decisões morais, e também não consegue definir a si própria como definidora de toda a realidade – portanto, a mera análise do que a ciência tem a dizer implode toda a proposta de Carrier; 
  • Ao mentir sobre o escopo da ciência, Carrier mostra-se um adversário da mesma, pois dá um mau nome à ciência. Uma questão moral para qualquer um que goste de fato de ciência é tratá-la como de fato ela realmente é, ao invés de uma ficção para iludir plateias; 
  • Se podemos, com evidências, rastrear a maioria do discurso humanista a este tipo de trucagem, podemos definir o humanismo como um sistema legitimamente desonesto e fraudulento, portanto incapaz de nos permitir sequer uma vida em sociedade – lembremos que os sistemas tradicionais dizem que há parâmetros morais a seguir, mas o sistema humanista diz que seu parâmetro moral localiza-se em um futuro imaginário (e claramente fictício), com “moral definida pela ciência’, que não passa de um truque para de fato não ter valor moral algum.

Isso e muito mais será tratado na parte 3. Mas antes de fazê-lo devo tratar algumas objeções de Thales:

Na quarta parte, o Carrier mostra um argumento bem fdp, dizendo que um sistema moral geralmente é proposto da seguinte forma: “devemos fazer X se quisermos Y e qualquer pessoa racional e esclarecida prefere Y do que não-Y”. A moralidade cristã é um exemplo: X = obedecer DEUS e Y = desfrutar o restante da eternidade na presença DELE. Até aí tudo bem. Mas então ele fala que as duas alegações podem ser verificadas empiricamente: podemos verificar se fazer X realmente leva a Y e se qualquer pessoa normal vai preferir Y. E culmina dizendo que deste modo a ciência pode determinar o que é moral. Não vejo como sair dessa ratoeira que o Carrier tramou.

Thales está deveras impressionado com o truque de Carrier, mas aqui reside a diferença entre um investigador de fraudes intelectuais e alguém que ainda não está acostumado a pensar assim. É como na investigação de fraudes corporativas em TI. Certa vez, soube de um caso de vários que clicaram em emails de phishing, pois as mensagens ali contidas eram atraentes, como “Juros a 0,15% para empréstimo agora”, enviadas a usuários de bancos. O problema é que a pessoa não deveria clicar no link automaticamente, mas sim passar o mouse e obter uma descrição do link, que, obviamente, não tinha nada a ver com a URL do banco. Para mim é automático tomar a precaução contra fraudes, mas alguém poderá de forma iludida achar que o site teve um “bug” no momento do acesso, mesmo que a pessoa tenha digitado todas suas senhas, junto com o número de cartão de crédito. É claro que o sujeito está sendo roubado de suas informações confidenciais. Mas o que provoca tanta diferença de percepção nos dois casos? Um auditor que investiga fraudes sabe que o phishing é um email fraudulento feito para roubar dados, mas alguém que não conhece o truque imaginará que o phishing é um email legítimo. Enquanto o auditor estará buscando informações para conscientizar a organização para não cair em novos truques de phishing, o ingênuo clicador continuará pensando “será que se eu clicar mais tarde conseguirei meu empréstimo a 0,15% de juros?”. Duas percepções completamente diferentes de um evento, pois no primeiro caso (o do investigador de fraudes) existe a noção da fraude cometida, e no segundo não há. Exatamente da mesma forma, eu não caí em nenhum dos truques de Carrier, mas Thales caiu em todos. Talvez eu não tenha sido detalhado em minha investigação, pois achei que depois de tanta didática deste blog, muitas identificações tenham ficado automáticas para a maioria dos leitores, mas reconheço que ainda é preciso de muito mais conscientização e até de uma reorganização da base de conhecimento de rotinas mapeadas dos humanistas e diversos outros perfis de esquerdistas, para tornar tudo mais fácil. 

O silogismo “matador” de Carrier, que morre já na chegada

Tratarei aqui do argumento central de Carrier contra o cristianismo, que eu, de fato, não detalhei suficientemente na parte 1 ao não mapear detalhadamente as fraudes contidas nele. Portanto, antes de derrubar definitivamente a tese de Carrier (na verdade criada por Sam Harris, adaptada de truques anteriores de Bertrand Russell, e inicialmente inspirada em delírios de Kant e Hegel) de que “um sistema moral imaginário do futuro, definido pela ciência, é melhor que qualquer sistema atual, e, portanto, os sistemas morais atuais são falsos, e este sistema futuro defendido é o único verdadeiro”, devo tratar ainda a questão deste raciocínio inicial. Vamos lá, então, na declaração de Carrier a respeito de sua tese de que “cristianismo é inócuo para a moralidade, sendo na verdade influente para a amoralidade”:

  1. Se, por exemplo, Deus enviar para o inferno todos os que obedecem aos Dez Mandamentos, então a afirmação cristã “você deve obedecer aos Dez Mandamentos para não queimar no inferno” seria factualmente falsa, e portanto definitivamente não seria um enunciado moral verdadeiro. 
  2. De modo que a moralidade cristã depende de suas afirmações de causa-e-efeito serem factualmente verdadeiras. 
  3. Não há nenhuma evidência empírica de que qualquer daquelas afirmações seja verdadeira. 
  4. Não há nada que nos indique que tipo de comportamento nos levará ao céu ou ao inferno. 
  5. Não existem evidências empíricas sobre como Deus realmente se sente em relação a qualquer comportamento específico. 
  6. Não existem evidências empíricas da superioridade da moralidade cristã sobre várias outras alternativas não-cristãs solidamente argumentadas em produzir uma sociedade vicejante de pessoas felizes. 
  7. Não existem nem mesmo evidências empíricas de que converter as pessoas ao Cristianismo as torna moralmente melhores – estatisticamente, quanto mais cristãos há numa sociedade, mais os problemas sociais se agravam, e não há casos registrados de um declínio abrangente e substancial (tudo o mais sendo igual). 
  8. Mesmo em termos de alcançar a felicidade e o bem estar pessoal, não existem evidências empíricas de que outros sistemas morais não realizem esse objetivo tão bem quanto ou até melhor do que a conversão ao Cristianismo. 
  9. Portanto, a moralidade cristã é totalmente não comprovada ou não comprovável.

As premissas 1 a 5 são todas fraudulentas e em todas elas existe uma simulação de argumentação quando na verdade Carrier parte de um espantalho. A partir daí dá para perceber que vai dar tudo errado em qualquer conclusão que ele queira tomar, pois todo o sustentáculo foi por água abaixo. Claro que Carrier terá que contar com aquele que ainda clica no email de phishing e não percebe que há uma fraude, e é desses que ele depende para ter alguma sobrevida intelectual.

Eis a fraude: a afirmação de que o sistema moral cristão com como sustentáculo o medo do inferno é uma deturpação da visão cristã. Na verdade, o uso da moral como ferramenta de obtenção de benefícios é criticado pelos principais teólogos cristãos. Aliás, C.S. Lewis diz que o cristianismo não é algo que se crê para obter benefícios (a tal da “moral de auto-interesse”, defendida por Carrier), mas sim algo que trará ônus para o crente. Como se nota, os itens 1 a 5 estão sumariamente demolidos meramente com a identificação de que o cristianismo independe do fato de alguém ter “medo do inferno”, em versões mais populares do cristianismo.

O item 6, que afirma que não há “evidências empíricas da superioridade da moralidade cristã sobre várias outras alternativas não-cristãs solidamente argumentadas em produzir uma sociedade vicejante de pessoas felizes”, é também fraudulento, pelo fato de que até as sociedades secularizadas foram construídas dentro do sistema moral cristão. Para o teste alegado por Carrier, ele teria que demonstrar uma sociedade “vicejante de pessoas felizes” que não tenha tido um histórico cristão, por exemplo. Aliás, não deveria ter tido sequer um histórico de qualquer tipo de religião em sua base. Como Carrier não tem esta evidência, pode-se até colocar sob suspeita a noção de que o cristianismo é o “sistema moral correto”, mas ele não consegue nada a favor de um sistema alternativo que ele proponha (e, como eu demonstrarei em mais detalhes na parte 3, ele nem sequer tem noção do que significa moral, e nem sequer tem um sistema moral alternativo). Eu mesmo entendo que o cristianismo é um dos vários sistemas morais existentes no mundo, tal qual é o islamismo, o judaísmo e até outros sistemas não inspirados por estas religiões. E todos estes sistemas foram influenciadores para a implementação de um código moral em suas culturas. Note bem: minha teoria não valida o cristianismo, apenas entende a importância dele. A teoria de Carrier, dizendo que “outros sistemas propostos por ele são melhores” é que é furada.

No item 7, como já mostrei anteriormente, há uma inversão da relação de causa e efeito. Pode-se estudar sociologicamente vários casos de que a religião pode ser utilizada (dentre outros fins) para dar consolo aos desesperados. Por isso, espera-se que em regiões mais pobres, existam mais desesperados, e aumente assim a chance de alguém ser um religioso. Aliás, nestas religiões, mesmo pessoas não-desesperadas podem ser religiosas também, mas o caso é que de fato (até pelas ações missionárias e iniciativas de caridade) pode-se aumentar a taxa de religiosidade entre os mais pobres. Por outro lado, e não menos importante, temos o fato de que o aumento da riqueza, provoca um aumento de escolaridade, e se a Estratégia Gramsciana é baseada em doutrinar pessoas em idade escolar em esquerdismo (e consequentemente, anti-religiosidade, no que diz respeito à religião tradicional), obviamente o número de ateus pode aumentar por isso. Esses dois fatores relacionados, é claro, são um grande problema para a teoria de que “ateísmo gera riqueza, e teísmo gera pobreza”, pois para essa alegação seria preciso inverter a relação de causa e efeito. Como Carrier não apresenta evidências de que algumas nações enriqueceram por causa do ateísmo, e outras empobreceram por causa de teísmo, ele sequer tem um dado em mãos contra o teísmo ou favorável ao ateísmo. Por isso mesmo qualquer argumento dele tentando dizer que “um critério para a validação ou não de uma moralidade é o enriquecimento ou emprobrecimento de regiões sob estudo” é completamente desonesto e sem nexo.

O item 8, para variar, também é 100% fraudulento, pois sistemas morais não são feitos para se “alcançar felicidade e o bem estar pessoal”, pois estes itens são contextuais. Por exemplo, matar um estrangeiro pode permitir que um grupo alcance a “felicidade” e seus indivíduos podem obter o “bem estar pessoal”. Sistemas morais, ao contrário do que Carrier imagina, são úteis para uma sociedade ter valores duráveis e que permitam que esta sociedade se mantenha como uma unidade sólida. Nisto, cristianismo, judaísmo e islamismo foram extremamente úteis para as suas culturas. E os sistemas alternativos propostos pelo humanismo? Bem, já sabemos o que esses sistemas geraram nos genocídios do século XX.

Ora, se as premissas 1 a 8 são todas legítimas fraudes intelectuais de um mitômano humanista, é óbvio que a conclusão é falsa. Agora, Thales só pode ser influenciado psicologicamente por Carrier se quiser. Mas eu acho que ingenuidade tem limites. Enfim, creio que agora, com o terreno preparado, estamos prontos para no próximo texto, a parte 3, a ser publicada no sábado, mostrar que mesmo que não seja possível validar empiricamente a moral cristã (ou islâmica, ou judaica) como a melhor, é possível validar empiricamente a moral humanista como a pior possível para a nossa sociedade. O truque de fingir que a “ciência dará a moral” é um dos dogmas centrais do evangelho humanista, e por si só é fraudulento e desonesto. Este fator é um dos que me dará um caso para, utilizando a ciência, determinar ao mesmo tempo o cristianismo (tal qual outras religiões abraâmicas) importante para a difusão de um senso de moralidade, como também determinar de forma irrefutável o humanismo como um sistema incapaz de produzir qualquer tipo de moralidade.

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