Banqueiro taxa governo Dilma de ‘medíocre’ e torce por Marina
4/9/2014 15:53
Por Redação - de São Paulo
Por Redação - de São Paulo
Repercutiu nesta quarta-feira, no mercado financeiro e nos meios políticos do país, o discurso do presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, na cerimônia de comemoração dos 90 anos da instituição, noite passada.
O banqueiro escancarou sua torcida pela vitória da candidata do PSB/Rede Sustentabilidade à Presidência da República, Marina Silva e não poupou críticas, ainda que veladas, à presidenta e candidata petista, Dilma Rousseff.
Para o banqueiro, o Brasil vive um momento histórico, diante de uma “eleição presidencial que mudará o rumo do país” e, em seguida, disse que está na torcida para que Marina Silva seja vitoriosa em outubro.
Setubal não citou nomes, mas afirmou que os dois ciclos anteriores – da estabilização econômica liderada por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e de conquistas sociais liderado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – foram encerrados (no governo Dilma) e que “o país não quer mais gestões medíocres e populistas”. O irmão de Neca Setúbal, assessora e financiadora da campanha de Marina, também disse que os números da candidata de sua preferência, nas pesquisas eleitorais, manifestam o desejo de mudança, que deve se consolidar com a eleição da ex-senadora. Entre os convidados, logo após o encerramento da falação, notava-se o burburinho.
– Ele deu a vitória da Mariana como certa – disse um deles, que prefere não se identificar.
Roberto Setubal foi cumprimentado “pela coragem de seu discurso”, por outro magnata presente à festa.
Para a imprensa, no entanto, Setubal preferiu abaixar o tom. Tangenciou, dizendo que a população quer mudanças, como já ficara claro nas manifestações de junho de 2013, e que a vitória de Marina é indicada pelas pesquisas. O banqueiro também disse que sua irmã, Neca, “não tem nada a ver com o banco”.
A surpresa quanto ao discurso de Setubal, no entanto, foi apenas dos tucanos presentes ao evento. Esta não é a primeira vez que o banqueiro se manifesta, publicamente, em favor de um candidato à Presidência. Em 2002, com o dólar disparado diante do favoritismo de Lula, Setubal disse que o petista venceria e que isso não seria ruim como muitos esperavam. Desta vez, porém, a audiência esperava algumas palavras em favor do candidato do PSDB, Aécio Neves, que se isola agora no terceiro lugar, segundo as últimas pesquisas de intenção de voto, divulgadas nesta quarta-feira.
Se não bastasse a previsão do banqueiro, de vitória da candidata de sua irmã, o ambiente no PSDB se deteriora rapidamente. Neves, segundo a aferição da vontade do eleitor, está fora da disputa, que se polariza entre Dilma e Marina. No placar do Ibope, Dilma tem 37%, Marina 33% e Aécio 15%. Já na sondagem do Datafolha, a presidente subiu para 35%, enquanto a ex-senadora marcou os mesmos 34% da última vez e o tucano perdeu um ponto, descendo para 14%.
Diante da derrota, Aécio já admite o fracasso de sua campanha:
– Eu tenho que confiar. Mas não estou dizendo que vou ganhar todas as eleições. Eleições se perdem. Já perdi eleições, inclusive, e acho que se aprende muito com isso. Agora, que não se pode perder é a capacidade de defender aquilo em que se acredita – disse o candidato a jornalistas.
A presidenta Dilma, nas pesquisas, apresenta maior índice de eleitores convictos. Segundo o Datafolha, no caso de Dilma, três quartos (74%) de seus eleitores declararam estar totalmente decididos. Entre marineiros, 70% afirmam fidelidade pela candidata. O tucano é o que corre mais risco de perder eleitores – taxa de eleitores convictos cai para 66%.
Nas análises que se proliferam sobre os números dos institutos de pesquisa, os eleitores mais ricos e escolarizados já trocam Neves por Marina Silva. Entre os brasileiros com renda familiar acima de 10 salários mínimos, o tucano caiu 13 pontos em duas semanas, de 38% para 25%. A ex-senadora subiu 14 e avançou de 27% para 41%.
Na faixa com ensino superior, Aécio perdeu 12 pontos e foi de 31% a 19%. Marina ganhou 12 e saltou de 30% para 42%. O índice de Dilma Rousseff (PT) variou pouco nos dois grupos, segundo o Datafolha.
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