8 de janeiro de 2014
Rachel Sheherazade: a mulher que aterroriza a esquerda
Rachel Sheherazade: a mulher que aterroriza a esquerda
Autor de vários livros adotados em faculdades de Pedagogia, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. desejou, como votos para 2014, que a âncora do jornalismo do SBT seja estuprada — não por ser misógino, mas por ser membro de uma universidade quase totalitária
José Maria e Silva
Hoje, o “terrorismo intelectual”, para usar uma expressão do jornalista e ensaísta francês Jean Sévillia, está cada vez mais ousado, disfarçando-se de ciência de ponta quando não passa da mais baixa mistura de ideologia marxista e instintos primitivos. Uma de suas versões mais sorrateiras é a suposta luta contra o preconceito, por meio da ditadura do “politicamente correto”. Paradoxalmente, o terrorista intelectual também é capaz de fingir que se insurge contra essa ditadura em nome da liberdade de expressão, sendo que, na prática, faz o contrário. Um exemplo de terrorismo intelectual que se enquadra justamente nesse último aspecto do fenômeno são os agressivos ataques à jornalista Rachel Sheherazade, âncora do telejornal “SBT Brasil”. Uma das fontes desses ataques é o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr., autor de vários livros e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
Na quinta-feira, 26 de dezembro, no Facebook do filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. foi postada a seguinte mensagem: “Meus votos para 2014: que Rachel Sherazedo seja estuprada”. Logo em seguida, foi postada outra mensagem com o mesmo teor: “Votos para 2014: que a Rachel Sherazedo abrace bem forte, após ser estuprada, um tamanduá”. Alertada por um amigo, Sheherazade denunciou os ataques em seu Twitter: “Caso grave de incitação ao crime, promovido pelo Sr. Paulo Ghiraldelli ou quem se faz passar por ele. Compartilhem!” Em seguida, questionou diretamente o próprio filósofo: “Sr. Ghiraldelli, liberdade de expressão termina onde começam calúnia, difamação, ameaça, incitação ao crime! Vai aprender isso num tribunal!” E, no dia 30, a jornalista postou no Twitter: “Missão cumprida: esta manhã fui à delegacia competente representar penalmente contra meu agressor ou quem se faz passar por ele. Agora, é só aguardar as providências legais e a providência divina. Tenho a certeza de que cumpri meu papel de cidadã”.
Diante da pronta reação da jornalista, o filósofo recuou. Numa mensagem enviada diretamente para o Twitter de Sheherazade, Ghiraldelli tentou se justificar: “Prezada Rachel Sheherazade, não sou favorável a qualquer incitação à violência contra mulher, menos ainda à imprensa. Posso me explicar?”
Paulo Ghiraldelli negou ser o autor dos votos de que Rachel Sheherazade seja estuprada em 2014. Ele alegou que seu Facebook foi invadido por “hackers” e apagou as mensagens de incitação à violência contra a jornalista. Mas o filósofo deve ter fugido das aulas de lógica. Se não é o autor das mensagens injuriosas contra Sheherazade, Ghiraldelli não pode se limitar a pedir desculpas a ela por um crime que alega não ter cometido – até para demonstrar sua alegada inocência, seu dever é prontificar-se a ajudar a jornalista a descobrir o criminoso que a atacou. Para isso, tão logo se deu conta da invasão, além do pedido de desculpas e de apagar as mensagens, ele próprio deveria ter recorrido à polícia para descobrir quem foi que o usou para atacar a âncora do SBT. Todavia, o filósofo fez o contrário: ele tentou – e continua tentando – se passar por vítima, não só do suposto “hacker” que teria invadido seu perfil, mas também da “direita” e até da própria Rachel Sheherazade, a verdadeira vítima nessa história, uma vez que tem sido alvo recorrente de ataques da esquerda.
O desespero do filósofo contraditório
Paulo Ghiraldelli Jr. é um dos que atacam sistematicamente a âncora do SBT apesar de ter tentado negar esse fato na entrevista que concedeu à “Folha de S. Paulo” em 28 de dezembro, em reportagem de Anahi Martinho. Ghiraldelli, segundo o jornal, negou ser o autor das postagens e disse: “Se eu for processado, vou lá no tribunal, respondo. Se for condenado, pago uma cesta básica e pronto. Não vai acontecer absolutamente nada,’ disse.” Ainda segundo a “Folha”, Paulo Ghiraldelli “também negou ser o autor de outras postagens antigas ironizando Sheherazade, encontradas em suas contas no Twitter e Facebook”.
Ao mesmo tempo em que diz não ser autor dos ataques à jornalista, ele zomba da Justiça ao dizer que sua condenação, se ocorrer, não passará do pagamento de cestas básicas. Mas, valendo-se do Twitter, ele mandou uma sequência de mensagens para a âncora do SBT que revelam certo desespero: “Prezada Rachel Sheherazade, eu retirei minha conta do ar, em respeito a você, agora peço que tire o post do ar para não incitarmos torcidas. Não há nenhuma justiça nos julgamentos a priori, nas denúncias a partir de meios inseguros. Isso é linchamento público. Repudio. Gostaria que tirasse do seu Face a conclamação contra mim, pois trata-se de injustiça. Eu estou pedindo desculpas públicas”. Reparem na distorção dos fatos promovida pelo filósofo: de algoz de Rachel Sheherazade, ele tenta se passar por sua vítima, acusando a jornalista de linchá-lo publicamente, quando ela está apenas se defendendo dos ataques sórdidos que sofreu. É uma ignomínia que um filósofo e professor universitário – sustentado com dinheiro público – tenha esse tipo de comportamento.
Nas declarações à “Folha de S. Paulo”, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. manteve essa estratégia de criminalizar Rachel Sheherazade: “Quando recebi o recado dela no Twitter, duvidei que era ela de verdade. Sou um simples professor de filosofia, um coitado, completamente desconhecido do mundo. E de repente uma jornalista da televisão querendo me caçar? A maneira com que ela me abordou não foi normal”. Ele disse que jamais faria piadas com conteúdo violento: “Eu não gosto desse tipo de brincadeira [sobre estupro]. Não é do meu feitio. Embora não ache que se deve censurar humorista, caçar gente por aí”. Como fica claro, Paulo Ghiraldelli, que se define como “o filósofo da cidade de São Paulo”, resolveu concorrer com o “Porta dos Fundos” e está se autonomeando “humorista”, numa tentativa desesperada de escapar da Justiça. Espero que a Faculdade de Pedagogia da Universidade Federal de Goiás e demais cursos de pedagogia do País retirem de suas respectivas bibliografias de graduação e pós-graduação os livros desse humorista confesso.
Fonte: Jornal Opção
Divulgação: www.juliosevero.com
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