Doutrinação ideológica na FATEC de Barueri - 2ª parte
Publicamos a seguir, devidamente autorizados por decisão do Desembargador Mauro Conti Machado, a 2ª parte da análise crítica que estamos fazendo sobre as aulas de Comunicação e Expressão ministradas pela Prof.ª Cléo Tibiriçá, na Faculdade de Tecnologia de São Paulo - Fatec de Barueri-SP (a 1ª parte foi e continua despublicada por força de liminar concedida pela Juíza da 2ª Vara Cível da Comarca de Barueri). Cientificada em 13.11.2013 do teor de nossas críticas, a Prof.ª Cléo enviou-nos resposta publicada juntamente com a parte censurada pela referida liminar.
Uma cópia do texto abaixo foi enviada à professora -- a quem franqueamos o espaço do ESP para que exerça, da forma mais ampla, o direito de resposta --, ao coordenador do curso de Comércio Exterior da Fatec-Barueri, Givan Fortuoso, ao diretor da faculdade, Evandro Cleber da Silva, à Diretora Superintendente do Centro Paula Souza, Laura Laganá, e ao Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo,Rodrigo Garcia.
Por Miguel Nagib
Como se vê do material adotado em seu plano de ensino (clique aqui para ler), a preferência da Prof.ª Cléo Tibiriçá pela temática político-ideológica -- em prejuízo de uma infinidade de assuntos que poderiam ser tratados em sua disciplina -- só não é mais patente do que a sua identificação com a esquerda e do que a sua intenção de transformar os alunos em réplicas ideológicas de si mesma.
É certo que nem todos os itens do programa possuem o mesmo teor militante. Mas aqueles em que o viés esquerdista não salta imediatamente aos olhos tampouco oferecem uma perspectiva que se contraponha a esse viés, o que impede que os estudantes adquiram uma visão mais complexa (e menos ideológica) das realidades abordadas. Assim, a “conservadora classe média brasileira” é apresentada aos estudantes sob um único ponto de vista: o daqueles que a odeiam. Por meio do citado material, a professora direciona o “olhar crítico” dos alunos exclusivamente contra os adversários ideológicos da esquerda.
Com efeito, no seu pequeno madraçal ideológico -- que é sustentado pelos contribuintes do Estado de São Paulo, já que a Fatec é uma instituição pública de ensino --, o ingresso de ideias e fatos capazes de desviar os estudantes do “bom caminho” da esquerda é rigorosamente proibido. Querem ver?
Incomodados com a falta de oposição aos discursos ideológicos promovidos pela professora, alguns estudantes sugeriram que se discutissem em sala as ideias do psiquiatra americano Lyle H. Rossiter, crítico da mentalidade esquerdista/progressista nos EUA (o que os americanos chamam de "liberal"). Não que o Dr. Rossiter seja uma referência importante do pensamento conservador (nem sei se não é), mas seria pelo menos um contraponto ao esquerdismo virulento e militante que a Prof.ª Cléo lhes impõe.
A resposta da professora -- enviada aos alunos por mensagem de email encaminhada ao ESP por um dos seus destinatários -- foi a seguinte:
Quanto ao autor Rossiter e sua obra "Liberal Mind", que não conhecia, além de fazer uma pesquisa nos sites acadêmicos, conversei com renomados professores das areas de economia, sociologia e política economica para obter referências. Descobri que o autor Rossiter não tem nenhuma credibilidade acadêmica. Ele é muito lido pela perigosa minoria de extrema direita americana; no Brasil, teve alguma repercussão em pequenos círculos de conservadores radicais; mas, para fins de estudos academico-científicos ele não é levado a sério, nem pelos conservadores, nem pelos progressistas. Segundo alguns pesquisadores que se deram ao trabalho de ler os textos do Sr. Rossiter, ele basearia todas as suas conclusões apenas em suas convicções quase que religiosas, paranóicas e sem nenhum embasamento científico.
Acho que como há tanta coisa boa e inteligente para ler, e nosso tempo é tão pouco, devemos evitar as charlatanices.
E fim de papo! Em aula de Cleonildi Tibiriçá conservadores não têm vez. Quem quiser saber o que eles pensam deve ler os artigos de Matheus Pichonelli (para saber do que estamos falando, clique aqui e aqui).
Chamo a atenção para o expediente utilizado pela professora para justificar o seu veto. Primeiro, a tentativa de silenciar os alunos, apelando para a autoridade da Academia: “conversei com renomados professores… Descobri que o autor Rossiter não tem nenhuma credibilidade acadêmica.” Depois, a de assustá-los, afirmando que quem se interessa pelo que ele escreve é a “perigosa minoria de extrema direita americana”; e, no Brasil, os “conservadores radicais”.
Ou seja, mesmo sem conhecer a obra sugerida, a Prof.ª Cléo não hesitou em desqualificar e estigmatizar o seu autor perante os alunos, deixando subentendido que eles próprios poderiam ser tachados de extremistas e radicais de direita se insistissem na leitura do livro.
Quem lesse o último parágrafo dessa mensagem sem conhecer o plano de ensino da professora poderia pensar que ela está se referindo à filosofia de Aristóteles, à poesia de Dante, à moral de São Tomás… Nada disso! “Coisa boa e inteligente”, para a Prof.ª Cléo, são os textos de Leonardo Sakamoto, Ramatis Jacino e Matheus Pichonelli...
A propósito, qual a “credibilidade acadêmica” desses indivíduos? Em que parte do universo a sua produção intelectual é levada a sério para fins de estudos acadêmico-científicos? Mas, sobretudo, que relevância pode ter o requisito da “credibilidade acadêmica” -- aplicado, como visto, somente ao Dr. Rossiter -- numa disciplina (Comunicação e Expressão) cujos objetivos deveriam estar centrados na forma da mensagem, e não no seu conteúdo? Ao recusar a obra do Dr. Rossiter por suposta falta de credibilidade acadêmica, a Prof.ª Cléo deixou ainda mais claro que o critério que orienta a escolha dos textos na sua disciplina não é a forma (beleza, correção, clareza, estilo, etc.), mas o conteúdo -- ou melhor, o viés ideológico desse conteúdo.
Assim, a disciplina “Comunicação e Expressão” se transforma, nas mãos da professora militante, no instrumento ideal para o proselitismo ideológico mais escancarado. Como se vê do seu plano de ensino -- e restará ainda mais evidenciado no curso desta análise --, a Prof.ª Cléo Tibiriçá utiliza suas aulas na Fatec com o fim inequívoco (ainda que não exclusivo) de “fazer a cabeça” dos alunos. Para saber se ela tem esse direito, clique aqui.
Continua.
P.S. - Numa entrevista à Revista Fórum, a Prof.ª Cleonildi, querendo justificar-se, apresenta a desculpa padrão de todo professor militante. Diz ela: “Não existe professor que não entre em sala de aula com a sua visão de mundo”.
A professora está certíssima. Não existe professor que entre em sala sem a sua própria visão de mundo. Isto é fato. Mas a questão não é essa. A questão é saber que atitude devemos tomar diante desse fato.
Devemos relaxar e gozar e dar livre curso às nossas paixões, preferências, inclinações e preconceitos -- como fazem os professores militantes --; ou devemos fazer um esforço sincero para controlar e reduzir, tanto quanto possível, a influência negativa desses fatores sobre o conhecimento?
Devemos aproveitar que os alunos estão ali, à nossa disposição, sem poder sair da sala, sob a nossa autoridade, dependendo da nossa avaliação, obrigados a nos escutar, a ler o que os mandarmos ler e a estudar o que os mandarmos estudar, para “fagocitá-los” ideologicamente, para tentar transformá-los em réplicas ideológicas de nós mesmos, para que abracem as nossas causas e votem nos nossos candidatos; ou devemos fazer o possível para respeitar sua liberdade de consciência e auxiliá-los na busca do conhecimento?
Como se vê, a questão aqui não é epistemológica ou pedagógica, mas ética e jurídica.
Pode ser impossível eliminar totalmente a influência do fator ideológico. Mas fazer um esforço constante para diminuir e controlar essa influência é perfeitamente possível.
Um cidadão comum não tem obrigação de fazer esse esforço, mas um professor tem. Obrigação profissional, ética e jurídica.
Fonte: http://www.escolasempartido.org/universidades/436-doutrinacao-ideologica-na-fatec-de-barueri-2-parte
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