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As ONGs procuram mitificar a história
do Quilombo dos Palmares, apresentando-o como um refúgio de liberdade do
negro perseguido. A realidade histórica, entretanto, difere bastante
dessa criação legendária. Na verdade, o referido quilombo espalhava
terror, mesmo entre muitos negros.
José de Souza Martins denuncia a mistificação do Quilombo dos Palmares ao
denunciar a existência da escravidão dentro dele: “Os escravos
que se recusavam a fugir das fazendas e ir para os quilombos eram
capturados e convertidos em cativos dos quilombos. A luta de Palmares não
era contra a iniquidade desumanizadora da escravidão. Era apenas recusa
da escravidão própria, mas não da escravidão alheia. As etnias de que
procederam os escravos negros do Brasil praticavam e praticam a
escravidão ainda hoje, na África. Não raro capturavam seus iguais para
vendê-los aos traficantes. Ainda o fazem. Não faz muito tempo, os bantos,
do mesmo grupo linguístico de que procede Zumbi, foram denunciados na ONU
por escravizarem pigmeus nos Camarões”. (José de Souza
Martins, Divisões Perigosas, Ed. Civilização Brasileira, Rio, 2007, p.
99)
Faz parte da propaganda de certos movimentos negros exaltar a figura de
Zumbi como libertador dos escravos. Ora, a ascensão dele se deu após o
assassinato do tio: “Depois de feitas as pazes em 1678, os negros
mataram o rei Ganga-Zumba, envenenando-o, e Zumbi assumiu o governo e o
comando-em-chefe do Quilombo”. (Edison Carneiro, O Quilombo
dos Palmares, Ed. Civilização Brasileira, 3a ed., Rio, 1966, p. 35)
Carneiro confirma o governo despótico de Zumbi: “Nina Rodrigues
esclarece que nos Palmares havia 'um governo central despótico'
semelhante aos da África na ocasião”. (idem, p. 4) Não havia liberdade
para sair: “Se algum escravo fugia dos Palmares, eram enviados negros no
seu encalço e, se capturado, era executado pela ‘severa justiça’ do
quilombo”. (idem, p. 4)
Zumbi rompeu as pazes e espalhou o terror. Tais eram as devastações que
os quilombolas espalhavam em torno de si que a pedido da população
circunvizinha foram organizadas as expedições armadas das quais resultou
a sua destruição de Palmares.
Décio Freitas, autor do livro Palmares – A Guerra dos Escravos,
em entrevista para a Folha de S. Paulo, confessou que depois das
pesquisas, “ele tem hoje uma visão diferente do líder negro Zumbi.
‘Acho que, se ele tivesse sido menos radical e mais diplomático, como foi
seu tio Ganga-Zumba, teria possivelmente alterado os rumos da escravidão
no Brasil.'' ( http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/zumbi_17.htm)
Zumbi não tinha pretensões de libertar os escravos – maior mercadoria da
África – e mantinha os costumes ali vigentes pelos quais algumas etnias
escravizavam os seus inimigos.
Os portugueses, na maior parte das vezes, não capturavam os escravos, mas
os compravam das tribos africanas. Até hoje a escravidão é praticada em
várias regiões da África. Zumbi mantinha escravos de tribos inimigas para
os trabalhos do quilombo.
Fonte: Revolução Quilombola,
Guerra racial, Confisco agrário e urbano, Coletivismo, Nelson Ramos
Barretto, Editora Artpress, SP, 3ª edição,2009, pp. 106-108
(*) Nelson Ramos Barretto é jornalista e colaborador
da ABIM.
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