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O Brasil permanece um país Católico opressivo, mas a igreja tem perdido terreno nos anos recentes para o movimento evangélico. O levante dos evangelistas apresenta um desafio para outro grupos de fé tambem, particularmente para os praticantes de religiões Afro-Brasileiras, tais como o Candomblé e Umbanda. Primeira transmissão da Rádio 4 no domingo, em 3 de dezembro de 2013.
TRADUÇÃO DA FALA DA RÁDIO BBC DE LONDRES, ONDE O PR. RUBENS TEIXEIRA PARTICIPA:
TRADUÇÃO DA FALA DA RÁDIO BBC DE LONDRES, ONDE O PR. RUBENS TEIXEIRA PARTICIPA:
Com a
modernização do Brasil, o espiritualismo africano luta para sobreviver.
O Brasil
continua a ser um país de maioria católica, mas a igreja perdeu terreno nos
últimos anos para o movimento evangélico. A ascensão dos evangelistas apresenta
um desafio para outros grupos religiosos também, especialmente os praticantes
de religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda.
A Primeira
transmissão da rádio BBC foi no dia 3 de Dezembro de 2013.
Jornalista: O
Brasil possui o maior número de católicos do mundo, mas recentemente, a Igreja
tem perdido fiéis para o movimento evangélico, particularmente entre os pobres.
Religiões de descendência africana, como Candomblé e Umbanda, que praticam a
espiritualidade de ancestrais africanos, estão também em declínio. Isso é o
resultado natural da modernização do país ou da discriminação das igrejas
evangélicas? Essa luta pela sobrevivência foi registrada em entrevistas no Rio
de Janeiro.
Em uma tarde de
sábado, observei crianças jogando futebol na rua. Ao redor, notei pessoas em
mesas de bar bebendo cerveja. Eu estava uma comunidade pobre, comandada por
traficantes de drogas que se intitulam evangélicos, e que repudiam alguns adeptos
do Candomblé, também moradores do local.
Depoimento de
uma moradora do local: “Comprei um terreno para uma finalidade, mas não pude
concluir a construção de um templo, pois o presidente da Associação me disse
que eu não poderia fazê-lo, pois os traficantes que comandam a comunidade não
permitiriam. Eles se intitulam ‘Soldados de Jesus’.”
Jornalista: O
que fez você decidir vender o terreno?
Moradora: “Quando
cheguei lá dentro [da comunidade] e fui conversar [negociar], um dos
traficantes, que estava armado, começou a suar. Eu senti medo e decidi vender o
terreno. Eu não tenho estrutura para aguentar isso.”
Jornalista: Eu
fui a um templo de Umbanda. Umbanda é uma religião brasileira espírita de
origem africana, que tem elementos de catolicismo, baseada em ancestrais
africanos. Os adeptos utilizam roupas características, “figurinos”, que
representam Santos Católicos e outras que representam espíritos ancestrais.
Eles usam branco, vermelho e preto para caracterizar os espíritos dos
ancestrais.
Flávia: “Meu
nome é Flávia Costa”.
Jornalista: Quando
você decidiu seguir a Umbanda?
Flávia: “Eu
decidi há 6 anos. Eu tive alguns problemas espirituais e eu encontrei ajuda e
conforto aqui.”
Jornalista: Flávia
é uma professora de Inglês. Ela me disse que se sentia incapaz de compartilhar
suas crenças.
Flávia: “As
pessoas aqui, principalmente as que seguem religiões protestantes, não aceitam
a minha religião. Eles dizem que é coisa do diabo e que nós temos um pacto com
o diabo, que somos pessoas demoníacas, que temos corações negros e é por isso
que eles nos ‘caçam’.”
Jornalista: As
cerimônias têm música e bater de tambores. Nesta noite, foi invocado o espírito
“Exu”. Eles fumam e dançam com o ritmo das músicas, como os escravos africanos.
Jornalista: As
religiões brasileiras de origem africana têm um longo histórico de
discriminação.
Jornalista: Eu
conversei com um líder religioso ou “pai de santo”. Ele é um dos presidentes da
Associação dos Amigos das Religiões Afro-brasileiras.
Pai de Santo: “De
2008 para cá, a coisa piorou. O Candomblé é popular em muitas favelas daqui.
Com a chegada dos ‘falsos pregadores’, como eu os chamo, os traficantes tem se
convertido a evangélicos. Eu penso que nenhum que siga a Deus pode permanecer
no mundo do crime. Quando um desses traficantes se torna evangélico, eles
começam a nos aterrorizar, nos expulsando das favelas. Eu fui à Polícia, mas eu
não pude dar nomes. Eu colocaria em risco vidas de pessoas.”
Rubens Teixeira: “Meu nome é Rubens Teixeira, eu sou pastor
da Igreja Assembleia de Deus.”
Jornalista: Eu falei com Sr. Teixeira, um engenheiro que é
pastor de uma das mais populares igrejas evangélicas do Brasil. Ele trabalha em
uma empresa de petróleo no Centro do Rio de Janeiro.
Rubens Teixeira: “Os jornais falam de pessoas que trabalham no tráfico de drogas e atacam templos de umbanda e candomblé, mas
ninguém sabe quem dá ordens a eles. Qual é a responsabilidade de todos os
evangélicos sobre isso? Esse homem pode ter algum problema com o sacerdote da
religião e o ataca usando o nome de Jesus Cristo, por exemplo, para o atacar.
Qual a responsabilidade de Jesus Cristo, ou minha ou de qualquer pessoa
evangélica?”
Antropóloga: “20%
da população declara no senso ser protestante. Nós costumávamos dizer que o
Brasil é um país católico, mas não podemos mais afirmar isso.”
Antropóloga: “Especialmente
os pobres brasileiros desejam uma vida melhor e toda a cosmologia da Umbanda e
do Catolicismo é baseadas na ideia de que Deus quer que você seja pobre e se
você for uma pessoa boa, você vai para o céu. O que os protestantes prometem é
ter aqui na terra riqueza e poder.”
Jornalista: Com
o declínio do Candomblé e da Umbanda, o que os brasileiros perdem?
Antropóloga: “Penso
que perdemos maravilhas, mas também você ganha modernidade, você ganha fé em si
mesmo.”
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