Paulo Roberto Campos
A associação Avenir de la Culture distribuiu ontem à imprensa francesa e estrangeira um comunicado [abaixo] muito oportuno, comentando um outro comunicado: o documento lançado pela Conferência Episcopal francesa, três dias após a maior manifestação da história contra o “casamento” homossexual.
Infelizmente, tal instituição episcopal, presidida pelo Cardeal André Vingt-Trois, está cedendo às reivindicações do lobby do movimento homossexual.
Procedendo desse modo lamentável, tais bispos estão deixando estarrecida toda aquela multidão [fotos acima e abaixo] que no dia 13 último saiu às ruas em defesa da Família e contra a agenda LGBT apoiada pelo governo socialista francês.
Estarrecido encontra-se todo o mundo verdadeiramente católico com o documento episcopal, que propõe fazer concessões ao“projeto de lei Taubira” (nome da ministra da Justiça, Christiane Taubira), aceitando alguns casos de adoções de crianças por “casais” homossexuais e aceitando certas uniões entre pessoas do mesmo sexo, desde que não se use o termo “casamento”! Como se podem aceitar uniões gravemente pecaminosas se elas são contrárias à lei moral natural e às leis de Deus?! Um escândalo!
Portanto, é inaceitável qualquer tipo de legalização de relações homossexuais. Inaceitável também a tentativa daqueles bispos franceses de abafar a santa indignação dos católicos contra um projeto tão oposto à doutrina católica e ao plano de Deus para o matrimônio e a família.
PS: A seguir, o mencionado comunicado de Avenir de la Culture(www.avenirdelaculture.fr) e novas imagens da manifestação do dia 13 p.p. Algumas dessas fotos foram feitas e enviadas pelo meu colega Josias Batista de Pina, que participou do colossal protesto em Paris (para ampliar, click nas fotos).
COMUNICADO DE AVENIR DE LA CULTURE
“UM FRACO REI FAZ FRACA A FORTE GENTE”
17 de janeiro de 2013
Esta célebre frase de Camões vem ao espírito ao ler o comunicado publicado ontem pelo Conselho Permanente da Conferência Episcopal, três dias após uma das maiores mobilizações que a França jamais conheceu.
Em decalagem com um milhão de manifestantes que clamavam pela retirada imediata do projeto de lei Taubira[foto abaixo], os mais altos responsáveis pela Igreja na França se limitaram a pedir que no debate parlamentar sejam encontradas formulações respeitosas do caráter heterossexual do casamento, da filiação e das pessoas homossexuais.
Os bispos aceitam, portanto, o princípio de uma remodelação do direito da família: eles acolhem as reivindicações do lobby LGBT por um quadro jurídico solene, desde que a etiqueta “casamento” não venha embalar o produto e que a adoção de crianças pelos pares homossexuais se faça sem reconhecimento fictício de paternidade.
Compreende-se que um organismo episcopal disposto a ceder a esse ponto deplore a crescente polarização entre uma França apegada à família tradicional e um governo socialista cegado pela “teoria do gênero”.
Jamais se compreenderá como podem os Pastores católicos sugerir, ainda que implicitamente, um Pacs+ — isto é, um agravamento das parcerias homossexuais— como uma alternativa possível ao “casamento para todos”.
Com efeito, tal fórmula está em aberta contradição com o ensinamento da Igreja, segundo o qual “não existe um direito à homossexualidade, o que não deveria, portanto, constituir a base para reivindicações jurídicas” (cf. Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, julho de 1992).
Diante desse comunicado decepcionante, Avenir de la Culture reitera o que escreveu no dia 8 de dezembro último, em seu “Respeitoso apelo aos Bispos da França: Não tenhais medo!”:
“Os católicos de base quereriam uma Igreja sem complexos, que não hesitasse em entrar no embate das convicções e defendesse com voz forte os valores cristãos. Se os bispos persistirem em oferecer ao governo um ‘Pacs melhorado’ como alternativa ao ‘casamento para todos’, eles não farão senão aumentar o fosso existente entre eles e os fiéis”.
Avenir de la Culture deseja ardentemente que outras vozes episcopais discordantes destas se façam ouvir, para que a Sra. Taubira não possa repetir um dia o que escreveu Simone Veil em suas memórias, evocando a legislação do aborto: “Com a Igreja Católica as coisas correram melhor do que eu podia imaginar”.
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