Dois meliantes morais foram presos porque faziam um site asqueroso, em que incitavam a agressão a negros, mulheres, judeus, cristãos, homossexuais e a qualquer um que discordasse das barbaridades que escreviam. No rol de suas boçalidades, que inclui a defesa da pedofilia, também constavam alguns ataques à esquerda, o que bastou para que alguns idiotas — que são nada menos do que o oposto complementar desses dois delinquentes — os tachassem de “direitistas”. Não! Direitista era Winston Churchill. Direitista era Charles De Gaulle. Direitista era Konrad Adenauer. Esses dois são apenas candidatos a bandidos. Eles pertencem à mesma escória moral que, num outro nicho de opinião, invade e depreda prédios públicos; prega abertamente a agressão a adversários ideológicos; defende, como movimento organizado, o assassinato de fetos; faz a apologia do consumo de drogas (embora elas sejam hoje um flagelo, que destrói milhares de famílias pobres); defendem o terrorismo — há gente escrevendo artigo em jornal afirmando a legitimidade do terror — e, como vimos, já chega ao paroxismo de defender o infanticídio.
Os dois grupos certamente se querem muito diferentes; um acredita que o outro é seu inimigo ideológico; um pretende que o outro queira o avesso dos seus anseios. Mas essa é uma falsa contradição. Agora como antes, eles têm a mesma natureza. Os dois grupos são incompatíveis com um mundo que garante as liberdades públicas, os direitos individuais e a vida. Igualam-se no culto à morte, na defesa do ódio redentor, na certeza de que é preciso eliminar o outro para sobreviver. Eles estão juntos! Como estiveram juntos fascismo e comunismo. Um atribuía ao Estado a tarefa de eliminar os cidadãos, suas vontades, sua individualidade; o outro, ao partido.
NÓS, MINHAS CARAS E MEUS CAROS, NÓS, SIM, SOMOS O POLO OPOSTO DESSES AMIGOS QUE SE DETESTAM. Eles querem eliminar seus adversários. Nós queremos debater com os nossos. Eles querem usar a morte como instrumento de regulação das demandas sociais. Nós só aceitamos usar a vida. ELES QUEREM DEBATER QUANDO É LÍCITO MATAR O HOMEM E CRIAR AS REGRAS DO BOM HOMICÍDIO. Nós acreditamos que o corpo humano é divino e dizemos: matar é ilícito. E àqueles que não creem, então sugerimos que considerem o corpo humano… humano! Mas de uma humanidade intransitiva, que não pede complementos para ter direito de existir.
Se há ateus e agnósticos dispostos a abraçar esse humano intransitivo — homem, mulher, bicha, preto, branco, vermelho, com todos os seus defeitos… —, se há ateus e agnósticos dispostos a abraçar esse “homem”, então nós, os cristãos, os chamaremos de nossos “irmãos”. Porque o nosso compromisso é com a vida! Ainda voltarei a este assunto muitas vezes.
Aqueles que nos atacam porque defendemos incondicionalmente a vida haverão certamente de nos explicar o que, afinal de contas, faz de um homem… um homem! Dizem eles: “É a sua história; o conceito de humano é uma construção historicamente determinada”. Se é assim, que miseráveis e precários nós somos! Entende-se por que os dois grandes totalitarismos do século passado mataram, por baixo, 130 milhões de pessoas. Naquele momento, “a construção histórica” dizia que os homens não tinham o direito de viver como homem — na verdade, nem mesmo o direito de morrer como tal.
Resistiremos em defesa da vida. Resistiremos à cultura da morte.
Abaixo, vou lhes narrar um episódio e publicar um vídeo que está no Youtube. Façam cópia. Na quarta-feira, um grupo de católicos foi à praça manifestar-se contra a legalização do aborto no país, que vários grupos pretendem implementar por via infraconstitucional, desrespeitando a letra explícita da Carta que protege a vida. Pois bem. Uma jovem chamada Elisa Gargiulo, identificada como vocalista e guitarrista da banda feminista “Dominatrix”, resolveu, digamos, “trolar” o ato com um cartaz em favor do aborto — e do erro de regência (uma gramática entre um solo e outro não lhe fará mal).
Observem a tolerância dos oradores com quem estava ali para fazer uma provocação — afinal, ela poderia, em outro lugar daquela mesma praça, manifestar-se. Ninguém encosta a mão nela, nada! E é assim que deve ser. Comecei cedo nesse negócio de protesto, e a regra nº 1 é jamais ceder à tentação de reagir a agentes provocadores — ou estaremos fazendo o que eles querem. Obervem que há uma silenciosa guerra de cartazes. Nada mais do que isso! Um de nós que decidisse fazer um contramanifesto num ato deles correria o risco de ser espancado. Vejam o filme — feito, como se nota, pela turma dela, pra dar destaque à sua grande “coragem”. Volto depois para lhes contar como essa moça relatou esta cena no Facebook.
VolteiMuito bem! Lembram-se daquela estudante profissional da USP que provocava os policiais, ofrendia-os, e depois gritava: “Estou sendo agredida!”? Pois é… Assim agiu Elisa Gargiulo. No Facebook, ela narrou deste modo a cena que vocês acabaram de ver — e que ela própria ou algum admirador seu pôs no Youtube:
“Vejam no video. Foi muito agressivo o jeito que os pro-morte me intimidaram e me empurraram com seus cartazes horrorosos. Depois disso, ficaram nos perseguindo e intimidando, aos berros (…). Fiquei muito triste. Não só com a truculência mas com a quantidade ridícula de pessoas que estavam lá com a gente. No total eram 7 pessoas se posicionando a favor da legalização do aborto e contra a morte das mulheres. 7 pessoas. (…) Fico pensando na violência que sofri hoje e quantas mulheres morreram pra que tivéssemos o direito de protestar e senti certa raiva de quem não bota a cara nas ruas, ficam apenas nas redes sociais. A luta é difícil, eu sei, mas nada vai vir via tuitadas. Estamos lutando pelas vidas das mulheres.”
“Vejam no video. Foi muito agressivo o jeito que os pro-morte me intimidaram e me empurraram com seus cartazes horrorosos. Depois disso, ficaram nos perseguindo e intimidando, aos berros (…). Fiquei muito triste. Não só com a truculência mas com a quantidade ridícula de pessoas que estavam lá com a gente. No total eram 7 pessoas se posicionando a favor da legalização do aborto e contra a morte das mulheres. 7 pessoas. (…) Fico pensando na violência que sofri hoje e quantas mulheres morreram pra que tivéssemos o direito de protestar e senti certa raiva de quem não bota a cara nas ruas, ficam apenas nas redes sociais. A luta é difícil, eu sei, mas nada vai vir via tuitadas. Estamos lutando pelas vidas das mulheres.”
Não! Não houve empurrões, como se vê. Se, depois daquilo, houve alguma manifestação violenta, por que ela optou por filmar apenas a reação pacífica? Ora… Ao contrário: os oradores apelaram à tolerância dos manifestantes. Sou capaz de apostar que essa moça está entre aqueles que acreditam que os que se opõem ao aborto não deveriam ter nem sequer o direito de se manifestar.
ModeraçãoEnfrentaremos as falanges do ódio, de todos os ódios, com a flama da convicção e a fleuma da temperança. Não permitirei uma só agressão verbal a essa moça porque o seu caminhar, registrado pela câmera, demonstra a sua disposição para ser uma espécie de “mártir”. De quem? Dos defensores da vida? Não será, não, menina! Você só é vítima de sua própria intolerância. Se alguém invadisse o palco quando a banda Dominatrix estivesse se apresentando para dizer que seu som não presta, Elisa certamente consideraria isso uma agressão a seus direitos. Mas não vê nada de errado em invadir a manifestação daqueles a quem se opõe e de incitar outros a fazer o mesmo.
Talvez Elisa aprenda um dia o valor da democracia e da tolerância. Talvez não. Mas nós seremos para ela professores exemplares. Que a paz uma dia chegue a seu coração, Elisa! E que seu bonito rosto perca esse ar triste. Há causas, menina, que pesam no espírito humano como uma condenação antecipada.
Fonte:http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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