MANIFESTAÇÕES DE 13 DE
MARÇO: apelo urgente às Instituições Republicanas
RUBENS TEIXEIRA*
Publicado em blog.rubensteixeira.com.br
As
cores da bandeira do Brasil são verde, amarela, azul e branco. É isso que nos
orgulha. Qualquer grupo pode ter outras preferências, mas todos os que amam o
país, em termo de nação, têm a bandeira nacional como seu símbolo. Há alguns
meses foram marcadas manifestações para o dia 13 de março para que as pessoas
mostrassem sua indignação pelo fato de o Brasil estar nas condições atuais. A
nossa Constituição afirma no seu artigo primeiro, parágrafo primeiro, que “Todo o poder emana do povo”. Portanto,
é o povo que manda.
Por
outro lado, a nossa Carta Magna afirma em seu artigo 5º, XVI, que “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em
locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não
frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente”. O Judiciário, o
Ministério Público e a Polícia Federal estão fazendo um trabalho magnífico no
sentido de apurar ilícitos na Administração Pública no Brasil. Quem são os
culpados? Vamos aguardar. Temos que esperar as sentenças. Mas o povo está
sofrendo e não é bobo. O julgamento político, ele é imediato e não precisa
esperar as sentenças judiciais. O povo quer o que for melhor para si.
A
poucos dias do dia 13 de março, grupos opositores aos que marcaram com maior
antecedência as manifestações, marcaram outras. Poderiam ter marcado para dias
anteriores e posteriores, mas escolheram o mesmo dia. Ora, isso é preocupante.
Esse aglomerado de grupos que não usam as cores nacionais tem em seu histórico
práticas de violência, invasões de propriedades, quebra-quebras e usos de
instrumentos que, embora sejam ferramentas de trabalho, sevem para intimidar ou
mesmo praticar violência.
A
convocação para o mesmo dia pode propiciar intimidação, confronto e diversas
formas de violência, nada compatíveis com a democracia. Por isso, até para
atender o que preconiza o dispositivo constitucional, é importante que as
manifestações sejam marcadas em horários e locais diferentes e distantes, caso
não se consiga o ideal: serem marcadas em dias diferentes. Além disso, é
necessário que se impeça o uso do anonimato em manifestações. Usar máscaras
pode ser uma atitude considerada suspeita e pode por em risco e intimidar
outros participantes. Lembro que o artigo 5º, IV, da Lei Maior é claro: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
o anonimato;”. Deve ser restringido também o uso de qualquer
instrumento que possa se transformar em arma: ferramentas de trabalho, paus e
outros apetrechos.
Há
grupos que estão claramente enfrentando às instituições republicanas,
desferindo ofensas, e convocando confronto às ações dos agentes públicos do
Estado que estão cumprindo suas missões no sentido de apurar e punir quem
cometeu ilícitos. Por isso, é importante que as instituições republicanas
democráticas brasileiras ajam de forma coordenada, cooperativa e estejam
atentas às medidas preventivas e, se necessário, coercitivas para que se
garantam os direitos de todos os brasileiros, de qualquer grupo, de
manifestarem-se sem ter sua integridade física colocada em risco.
Alguns
grupos de minorias que ainda não amadureceram para o debate democrático são
habilidosos em provocações e não hesitam em realizar agressões. Esperam, com
isso, reações para, de forma oportunista, colocarem-se como vítimas.
Provocações decorrentes de rivalidades em torcidas de times de futebol têm
causado vítimas no mundo inteiro, inclusive no Brasil. Manifestações políticas
em ambientes de tensões podem causar prejuízos muito maiores. O estado de frustração,
angústia, incerteza e tensão que está o povo brasileiro não permite que se
despreze o risco de haver grave tensão com derramamento de sangue e perda de
vidas. Não se pode subestimar a ação de radicais. Eles agem de forma quase
irracional e só são contidos pela força. Alguns são ‘profissionais’ e, embora
ajam como quadrilhas, querem ter status de
forças democráticas.
Por
isso, meu apelo ao Ministério Público, defensor da sociedade, para que ingresse
com medidas que garantam, na forma da lei, que as forças de segurança do Estado
atuem preventivamente para que as manifestações sejam realizadas de forma
pacífica e que coíbam qualquer ato que vise a intimidar e dificultar a
realização de manifestações pacíficas. Observo que o clamor social é forte e
que os ânimos podem estar exaltados. Apesar de as polícias serem preparadas
para essa finalidade, podem ser asfixiadas pelo pouco efetivo. Por isso, deve
ser considerada a utilização de forma cooperativa e sincronizada das forças
armadas e outros órgãos do Estado. Certamente, esta medida vai dar mais
tranquilidade a todos os manifestantes, de qualquer lado, para que expressem
publicamente sua indignação ou outro sentimento que tenham, sem que a vida e
integridade física de qualquer pessoa sejam colocadas em risco.
A
maior parte da sociedade espera ansiosamente que a verdade venha à tona e que
se descubra quem são os ladrões e onde está o dinheiro. Por isso, apoia as
instituições republicanas que estão trabalhando intensamente para
responsabilizar culpados e restabelecer o desenvolvimento e a ordem. O povo, a
quem a Lei Maior conferiu todo o poder, tem o direito de agir para salvar o
país da vergonha, da inflação, dos juros e do desemprego elevados. Nós não
somos um país de imorais, maus caráteres e sem credibilidade. Nós somos um país
rico, com pessoas capazes e com vocação para ser potência. O povo tem o direito
de escolher ou mudar o seu destino. A Constituição dá os instrumentos para
isso.
* Rubens Teixeira
é analista do Banco Central do Brasil, ex-diretor financeiro e administrativo
da Transpetro, professor, escritor e palestrante. Doutor em Economia (UFF), mestre em
Engenharia Nuclear (IME), pós-graduado em Auditoria e Perícia Contábil
(UNESA), engenheiro de fortificação e construção (IME), formado em Direito
(UFRJ, aprovado na OAB-RJ), bacharel em Ciências Militares (AMAN). Foi um dos
ganhadores do Prêmio Tesouro Nacional com trabalho baseado em sua tese de
doutorado intitulado: “A Importância da Credibilidade para o Equilíbrio Fiscal:
uma avaliação para o caso brasileiro”. É coautor do best seller “As 25 Leis
Bíblicas do Sucesso” e lançará, em abril, em coautoria com Henrique Forno e
Márcio Araujo, o “DESATANDO O NÓ DO BRASIL: propostas para destravar a economia
e travar a corrupção.
Rubens Teixeira
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