GRANDE CORRUPÇÃO, VEREDAS: guinada à esquerda ou embicada para
baixo?
RUBENS TEIXEIRA*
Com fim do governo militar no Brasil, a grande “receita do
bolo” para corrigir todos os problemas decorrentes das decisões políticas
“injustas” era fazer um movimento da direita para a esquerda. Quando estudamos
Matemática, orientamos o sentido positivo “das ordenadas” debaixo para cima. O
sentido positivo das “abscissas”, da esquerda para a direita. Portanto, andar
da direita para a esquerda num eixo matemático é andar para trás. Na política,
andar para trás é ser um país naufragado na economia, na corrupção e miséria do
seu povo, sendo o governo de direita ou de esquerda.
Não é novidade que os modelos matemáticos da Física sejam
usados como inspiração para modelar a Economia, por exemplo. Há evidentemente
outros conceitos da Física que também são empregados na política e em outras
ciências sociais.
No discurso político da esquerda, sempre atribuíram juros
altos, desemprego, corrupção e desvios a comportamentos e políticas de direita.
É um esforço de associar quem se define como de direita a uma pessoa desonesta,
injusta e corrupta, enquanto o de esquerda é o ser honesto, justo e bom.
Evidentemente que esses limites e termos são muito usados para enrolar o povo.
Por exemplo, os médicos e engenheiros que lidam,
respectivamente, com vidas humanas e estruturas projetadas baseadas em cálculos
matemáticos têm limites mais bem estabelecidos da técnica e não se permitem
esses subterfúgios para enrolar seus pacientes e clientes alegando que os erros
e acertos técnicos foram por conta de escolhas de direita ou de esquerda. Se,
na prática, existem realmente esses lados, é bom que ajam tecnicamente porque a
ciência não permite muitos devaneios.
Na política brasileira, diz-se que estamos caminhando para a
esquerda há alguns anos. Em meio à crise por que passa o País, a imprensa
noticiou que o governo se reuniu para discutir medidas que possam dar uma
“guinada mais à esquerda”. Protagonistas da política de esquerda se envolveram
em roubos ao dinheiro público, estabelecimento de esquemas complexos de
corrupção e destruição de valores sociais. Alguns foram presos e outros
defendem ideias que fragilizam a educação de crianças e adolescentes. Querem
impor seus valores em detrimento do que prefere a maioria da sociedade
brasileira.
Querem alterar e omitir informações históricas dos
currículos, direcionar o pensamento das crianças e jovens torcendo e omitindo a
realidade histórica numa mentira instituída no Plano Nacional de Educação. Por
outro lado, com boa vontade, tomando como premissa as boas intenções e a
honestidade dos que fazem parte deste projeto de poder, sabemos que muitos dos
obreiros que o construiu foram considerados criminosos durante o governo
militar, que eles chamam, com firmeza, de ditadura. Da mesma forma, cometeram
crimes e foram condenados também na democracia no modelo que eles próprios
criaram. Tudo bem, eu reconheço que os crimes praticados durante os governos
militares foram anistiados para ambos os lados. Bom que tenha sido assim, para
unir o Brasil. Agora, o que dizer dos crimes praticados neste modelo de
“democracia”?
Além disso, ao invés de ameaçar cortar recursos da Polícia
Federal, que se reforçassem os recursos destinados à Operação Lava Jato. Ao
invés de trazer para perto grupos políticos de baixíssima reputação, alguns
cujos seus ícones respondem a inúmeros processos e sob os quais pairam enormes
suspeitas, que se prestigiassem técnicos honestos para as funções, mesmo que se
para isso aumentasse o risco do impeachment do seu mandato. Esse gesto
inviabilizaria a mácula na sua imagem histórica de honesta. É melhor para o
Brasil que se corra o risco de sofrer um impeachment, colocando pessoas
honestas nos diversos escalões do governo, do que se articular com desonestos
para manter-se no poder.
É verdade que, numa disputa entre os da direita e os da
esquerda no Brasil, ambos os lados possuem muitos desonestos e provocaram
rombos de natureza idêntica. Será que a sociedade admitiria uma pauta que
buscasse apenas dimensionar qual o lado provocou o maior rombo? Se é verdade
que temos um projeto que trouxe benefícios, está claro que ele está no final de
seu ciclo, e de forma dramática. De fato, se foi para esse cenário que a
esquerda nos levou, uma guinada mais à esquerda, como pretende o partido da
presidente, vai nos levar para onde? Por isso, ao invés desse discurso de
esquerda e de direita, vamos construir um Brasil que vá para a frente de
verdade, tomando as medidas tecnicamente corretas, expurgando de verdade a
corrupção e valorizando os interesses nacionais, sua gente e suas riquezas.
Enfim, o que fazer com o mandato de uma presidente que é
tida por honesta, mas que pode ter sido eleita e reeleita com recursos obtidos
de forma escandalosamente desonesta? Por honestidade, ela(Dilma) poderia dar uma
demonstração de grandeza e bradar ao País: “Todos
os mandatários eleitos pelo povo com campanhas que estejam sob suspeita de
terem obtidos recursos de forma desonesta devem ser submetidos a uma reavaliação
popular. Eu serei a primeira a propor, por não ser cúmplice do que pode ter
sido feito na minha campanha. Nossos mandatos estão sob suspeita, moralmente
sob judicie e temos de nos submeter às urnas outra vez. Eu, como brasileira e
presidente da República, peço ao Congresso Nacional, que tem a competência
constitucional para tal, que convoque um referendo aos mandatos de todos os
políticos eleitos em 2010, 2012 e 2014. O povo brasileiro, de quem emana todo o
poder, agora, conhecedor das circunstâncias que podem ter cercado as nossas
campanhas eleitorais, tem o direito de dizer se nos quer no mandato ou prefere outros
em nosso lugar. É o mínimo que podemos fazer para mostrar à nação que não somos
corruptos e nem cúmplices da corrupção: pedir desculpas e colocar nosso mandato
à disposição de quem nos conferiu”.
Este gesto mostraria desapego ao cargo, desprendimento, amor
ao Brasil e a colocaria em sintonia com o que o povo quer saber: quem é o
ladrão e onde está o dinheiro. Não adianta tentar guinada à esquerda quando o
Brasil está embicando para baixo. Se a nossa vereda continuar assim,
pavimentada pelos frágeis valores e dominada pela corrupção, o final da
trajetória já se sabe e pode ser pior do que esperamos.
Presidente, crise política se resolve politicamente. Se a
senhora conseguir resolvê-la, o Brasil embica para cima outra vez. Se a senhora
não conseguir, são mais de 200 milhões de brasileiros neste voo. Qual seria a
melhor alternativa para livrá-los dos impactos que essa queda já está lhes
causando?
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