Autodemolição até do Natal?
O bispo de Pádua, Dom Claudio Cipolla, declarou em sermão na catedral: “Demos alguns passos atrás para manter a paz e a amizade: cessemos a celebração de Natal nas escolas. O papa Francisco nos pede continuamente para construir um mundo de paz, sem conflitos”.
Nos últimos dias de novembro, uma simpática, histórica e famosíssima cidade da Itália prepara-se para o Natal. Padova, ou Pádua, na versão aportuguesada. Sim, exatamente: a cidade de Santo Antônio, glorioso discípulo de São Francisco de Assis.
Pádua movimenta-se para cercar de júbilo e de arte o principal acontecimento de toda História: Deus se fez homem e habitou entre nós. Presépios de todos os tamanhos, guirlandas primorosas, luzes, árvores de Natal dentro e fora de casa. As crianças já se aprumam, os corais treinam, as cozinhas – ah, e que cozinhas! – vão preparando os ingredientes.
Ora, há um detalhe a considerar por ali: a presença de muçulmanos. Como reagirão a isso? Não se sentirão ofendidos? Como ficarão as relações entre católicos e muçulmanos na vida de todos os dias?
Pois bem. Vejamos se o leitor acerta o que se sucedeu em Pádua este ano. Das duas versões abaixo, qual a que realmente ocorreu?
Versão 1:
O imã – chefe religioso muçulmano da região – declarou ter ficado indignado com a quantidade de presépios este ano, sobretudo nos colégios. Declarou ao jornal Il Matino de 30 de novembro de 2015 (tradução livre do italiano):
“Trata-se de um acinte público a Maomé, e suscita a fúria de Alá. Os filhos do profeta deveriam reunir-se para exigir das autoridades, primeiro por bem, depois se necessário com o uso da força, a retirada de todas as árvores de Natal, guirlandas e corais públicos cristãos, em particular dos colégios. Se o estado é laico, Alá é forte, e isso não podemos permitir.”
O presidente da região do Vêneto, espantado, afirmou à imprensa preferir um acordo de paz com os muçulmanos, apesar de muito minoritários, e pediu que o bispo desse “um passo atrás em favor da paz”, e evitasse os presépios e sinais públicos de Natal, em especial nos colégios.
O bispo, em penetrantes palavras, declarou que como autoridade eclesiástica na cidade do grande Santo Antônio, mandava todos os padres da diocese celebrarem uma novena de reparação às ofensas cometidas contra o Menino-Jesus, e concedia uma bênção especial a toda família que cooperasse com o esplendor do Natal deste ano. Afirmou que deixar de professar publicamente a fé, máxime em terras de Itália, e especificamente de Pádua, era renunciar ao mais elementar direito dos católicos.
Versão 2:
O bispo de Pádua, Dom Claudio Cipolla, declarou em sermão na catedral: “Demos alguns passos atrás para manter a paz e a amizade: cessemos a celebração de Natal nas escolas. O papa Francisco nos pede continuamente para construir um mundo de paz, sem conflitos”.
O presidente da região do Vêneto defendeu a celebração do Natal, respondendo ao bispo: “A tomada de posição do bispo arrisca dar a impressão de que nós cristãos é que somos os fundamentalistas. Não é assim. Façamos um belo Presépio, sem precisar fazer barulho.”
O imã afirmou: “O corão fala de Jesus, de Maria, de maneira que façam o Natal, árvore, presépio, que conosco não há nenhum problema!”
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O leitor já terá intuído: tristemente, a versão 2 corresponde à realidade (Cfr. Il Matino di Padova, 30/11) Acrescento de passagem que em Monza, também na Itália, um padre decidiu suspender a Missa de comemoração do Natal, numa escola… católica! Para não ofender os muçulmanos…
Pergunto:
1 – Como construir um mundo de paz relegando Nosso Senhor Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, para a esfera meramente privada?
2 – Por que razão a iniciativa do “passo atrás” teve que vir do Bispo local e do padre da escola, sem que tenha havido qualquer pretexto para tal?
3 – A que ponto se chegou para que um imã, líder religioso muçulmano, faça uma declaração praticamente autorizando a celebração do Natal em um país católico, enquanto bispos e padres a procuram suprimir?
Como não ver o sinal da autodemolição da Igreja, ainda mais tendo em vista que fatos como esses vão se multiplicando pelo mundo?
ALDO LANGBECK CANAVARRO 8 de dezembro de 2015 at 9:33
Isto é um ato de rendição ao “politicamente correto”! É como se uma minoria cristã, pedisse o fim do “Ramadam” pelos mesmos motivos alegados pelos muçulmanos!