Carta aos Brasileiros
Caros compatriotas e co-responsáveis pelo estado em que nós
brasileiros nos encontramos,
Tenho um nome, que pouco importa, mas podem me
chamar de Brasil, porque excedi o limite da minha capacidade de dormir sem medo
e em paz no abrigo de meu lar. Sempre respeitei meu pais, e muito embora tenha
ouvido muitas vezes que esse e o pais do jeitinho, tive em toda a minha vida um
sentimento civico e de honestidade, que cultivei na simplicidade de minha
infância e juventude.
Jamais pensei que um dia, me sentiria abandonada
e aterrorizada pela perspectiva de ver destruidos os valores mais básicos de
minha sociedade, e tampouco imaginei que de uma hora para outra, tudo o que
acreditei e que sonhei para mim, para meus filhos e para minha nação, fosse
suplantado, pisoteado e violentado barbaramente ate sucumbir no abismo da
corrupção.
Fui às urnas, como cidadã comum que sai de sua
casa consciente do dever a cumprir. Jamais fui uma pessoa politica, ou sequer
politizada. Nunca festejei partidos nem tremulei bandeiras, e mesmo em minha
juventude já passada, nos arroubos estudantis ideológicos a que todos os jovens
têm direito, fui sempre sensata e serena no meu julgar.
Hoje, e com lágrimas nos olhos que me dirijo aos
meus compatriotas. É com medo do futuro, que lhes escrevo agora e venho verter
aqui, toda minha angústia. Bem sabem que os meses que antecederam às eleições,
foram de muita reflexão para todos os brasileiros e muitos se reservaram ate o
direito de não escolher nenhum dos candidatos, por se sentirem cansados de
tantos enganos. Eu tambem refleti, mas fui às urnas, escolher alguem que me
representasse, que representasse a minha familia e o direito de ir e vir, o
direito à liberdade com que nascemos, e que vejo destroçada agora pelos passos
largos que o pais dá, no caminho sinistro que trilha. Fui às urnas, escolher
alguem alinhado e comprometido com o mesmo desejo de ordem e de progresso desse
pais, em cujo solo criaram-se meus filhos e hão de crescer os vossos. Foi com
esse sentimento que fui votar.
Sem rancores e sem desprezos pela presidente,
naquele dia, apenas me restou amargar a derrota de minha escolha, ate que a
sombra do mal começou a tomar lugar no seio dessa pátria e lançar sobre nós,
suas sementes nefastas. Não há lado para que olhemos que não vejamos essa
sombra, que não escutemos o ranger dessas vozes, que não sintamos a presença
afiada dessas garras e o bafejar desse hálito estranho, que ameaçam já tão de
perto nos aprisionar definitivamente. Anestesiado, lentamente este pais abraça
o monstro que o possui, que cruza as fronteiras vulneráveis de nossa pureza,
sob a máscara de amigo, a doutrinar nossos povos, a iludir nossos irmãos, a
perverter as almas mais fracas e necessitadas de cuidados. Aqueles que votaram
em favor dos vitoriosos de hoje, são apenas vitimas desse delirio, que
necessitam ser resgatadas.
Aqui lhes escrevo em
desabafo, em desespero que tambem vejo no rosto de cada outro como eu. Escrevo,
como se houvesse tentativa de reaver minha esperança de ver restaurada a paz e
a liberdade que perdemos, todos os cidadãos brasileiros. Escrevo, por que
preciso reafirmar para mim mesma que outros brasileiros, compartilham desse
sentimento com a mais profunda sinceridade, que como eu, tambem desejam ordem e
progresso, e sem legitimo representante público, não poderão mudar no curso de
nossa história, escrevo fazendo oposição a todo o mal que deseja se instalar em
nossa pátria pelas mais obscuras negociações.
Escrevo no mais genuino sentimento de civilidade, no mais conciso reflexo de equilibrio, enquanto me resta ainda, fio de esperança de ser ouvida como filha desse pais, como os senhores tambem o são, enquanto talvez haja tempo de dar mãos, unir forças para afastar de nós o inimigo que nos oprime. Não nos abandonemos uns aos outros, não fraquejemos, não permitamos que nossos filhos sejam escravos. Não permitamos que nossa bandeira seja cingida pelo mais tinto sangue do cálice que balança sobre nossas cabeças. Sejamos palavra de ordem e de progresso e não fujamos à luta.
Escrevo no mais genuino sentimento de civilidade, no mais conciso reflexo de equilibrio, enquanto me resta ainda, fio de esperança de ser ouvida como filha desse pais, como os senhores tambem o são, enquanto talvez haja tempo de dar mãos, unir forças para afastar de nós o inimigo que nos oprime. Não nos abandonemos uns aos outros, não fraquejemos, não permitamos que nossos filhos sejam escravos. Não permitamos que nossa bandeira seja cingida pelo mais tinto sangue do cálice que balança sobre nossas cabeças. Sejamos palavra de ordem e de progresso e não fujamos à luta.
Mônica Torres
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