Teologia socialista na Assembleia de Deus no Brasil
Julio Severo
Evangélicos socialistas na América Latina estão revoltados que C. René Padilla, que estava agendado para dar a aula magna sobre Teologia da Missão Integral na FAECAD (Faculdade Evangélica das Assembleias de Deus no Rio de Janeiro) em 10 de março de 2017, teve sua aula cancelada. Sua aula seria patrocinada pela Visão Mundial no Brasil.
Num artigo intitulado “Bem-vindos ao passado! Em solidariedade ao Dr. C. René Padilla, agora apelidado de ‘cristão marxista,’” publicado pela esquerdista Fraternidade Teológica Latino-Americana, Harold Segura condenou o cancelamento e assegurou que a Teologia da Missão Integral não tem nada a ver com marxismo.
Seu artigo pretende, de acordo com suas próprias palavras,
“pronunciar meu mal-estar com a suspensão do evento e minha indisposição com as razões que a justificaram. Suspender um evento como este por tachar de marxista um conferencista como René é ignorar o que é o marxismo, desconhecer quem é René Padilla e esquecer de que maneira se faz a reflexão teológica.”
Segura também disse:
“Penso que o que aconteceu no Rio de Janeiro é um sinal que confirma o que estamos presenciando também em outros países da América Latina: um ressurgimento de discussões passadas. O retorno das velhas querelas cristãs das décadas de 1970 e 1980, quando surgiu a TMI. Naquela época, os que ousavam falar da responsabilidade social das igrejas eram rotulados de comunistas; os que se aventuravam a pregar em favor da justiça social eram suspeitos de militância marxista, e os que criam na opção preferencial pelos pobres eram excluídos por ser teólogos da libertação indesejáveis.”
Em sua conta de Twitter, Segura mostrou solidariedade a Padilla e também à ideologia de gênero, ao dizer:
“Você sabe o que é igualdade de gênero? A UNESCO explica conceitos chaves para debater bem informado.”
Na verdade, a UNESCO não explica a igualdade de gênero. A UNESCO a defende e promove. Em 2012, a UNESCO e outras agências da ONU pediram que Dilma Rousseff criminalizasse “homofobia.”
A ideologia de gênero é uma das principais bandeiras esquerdistas para promover a agenda homossexualista. Mas Segura não aceita o rótulo “marxista” mesmo quando ele carrega sua bandeira.
Ele condena a derrota de vários governos esquerdistas na América Latina, e reconhece que a maiorias desses governos estava promovendo a ideologia de gênero. Ele reconhece que a presidente socialista Dilma Rousseff sofreu impeachment principalmente da Frente Parlamentar Evangélica, entre outras razões, por causa da ideologia de gênero.
Ele vê essas derrotas como retrocessos para a Teologia da Missão Integral (TMI). Embora ele tente defender a TMI como uma teologia não política, ele não consegue evitar lamentar as derrotas políticas da Esquerda na América Latina.
Cerca de 50 anos atrás, C. Peter Wagner avisou em congressos evangélicos latino-americanos que a TMI era marxista. Em 1969, ao participar do CLADE (Congresso Latino-Americano de Evangelização), Wagner distribuiu seu livro que afirmava que a missão da igreja é priorizar a salvação pessoal e destacava a teologia esquerdista como perniciosa. Ele deu seu livro porque líderes evangélicos estavam começando a louvar a TMI.
No primeiro Congresso Lausanne de Evangelização Mundial em 1974, enquanto Padilla estava liderando esforços para promover a TMI, Wagner estava liderando esforços conservadores contra a TMI.
Apesar de toda essa resistência décadas atrás, a TMI cresceu internacionalmente. Hoje, graças a John Stott e seu incrível trabalho de maquiagem e facilitação, a TMI domina Lausanne como uma teologia social elegante. O trabalho de resistência de Wagner foi esquecido e os teólogos latino-americanos da TMI prevaleceram.
Em 2014, Lausanne deu o troco vingativo em Wagner, realizando no Brasil uma reunião de líderes de Lausanne contra Wagner e seu movimento apostólico. A reunião foi dirigida por líderes da TMI, especialmente o Rev. Valdir Steuernagel.
Em meu e-book de 2013 “Teologia da Libertação versus Teologia da Prosperidade,” há uma recomendação especial de C. Peter Wagner, onde ele disse:
“É muito importante se conscientizar das invasões que a ideologia marxista tem feito em alguns ramos do Cristianismo. Na América Latina, o conceito de aparência bonita chamado de misión integral (missão integral) se revelou no final como uma plataforma sutil para políticas esquerdistas. Julio Severo compreende isso e desmascara de forma habilidosa essas ideias potencialmente prejudiciais em seu livro, Teologia da Libertação versus Teologia da Prosperidade. Nesse livro, ele ajuda a revelar a realidade que dá para se produzir com eficácia mudança social ainda mais profunda e mais permanente da pobreza para a prosperidade proclamando-se e praticando-se a doutrina bíblica do Reino, abrindo a porta para o poder transformador do Espírito Santo. Este é um livro que muito recomendo!”
Para informações sobre como obter o e-book “Teologia da Libertação versus Teologia da Prosperidade,” clique NESTE LINK.
Os avisos de Wagner 50 anos atrás e hoje são muito importantes. Se a TMI não tem nada a ver com o marxismo, por que seus adeptos defendem a ideologia de gênero e os governos esquerdistas na América Latina que promovem essa ideologia e várias outras ideologias anti-família?
A aula de Padilla sobre Teologia da Missão Integral na FAECAD teve propaganda interna da forma mais sutil e discreta possível.
Pela reação explosiva dos adeptos da TMI, suponho que a aula tenha sido cancelada.
Marcos Habib, que se apresenta em seu Facebook como “seguidor de Jesus Cristo” e “militante comunista,” disse:
“Já começou ladainha de pastores conservadores contra o evento da FAECAD - Faculdade Evangélica das Assembleias de Deus com René Padilla. Gente chata de merda. Não conhece a teologia da missão integral mas critica como se conhecesse. O que na verdade essa galera quer é colocar crentes adestrados nas igrejas para controlar. Quando temos crentes engajados temos uma igreja lutando pela emancipação do oprimido e do pobre. Quem é Julio Severo ??? É um falastrão, mimado e um merda.”
O Pr. Mateus Feliciano, teólogo e ativista da TMI, me enviou uma mensagem particular pedindo-me para remover os artigos contra a TMI e Padilla; se não, ele me denunciaria. E em sua conta de Facebook ele pediu publicamente:
“Galera, peço ajuda de vcs para removermos um post de intolerância religiosa e de informações enganosas aqui no facebook. Por favor, leia este post e denuncie!”
Intolerância religiosa por causa de uma opinião cristã discordando do socialismo e da TMI?
Entretanto, meu aviso provavelmente chegou tarde demais. Em seu artigo de solidariedade para Padilla, Harold Segura assegurou que em fevereiro de 2016 ele deu a aula magna na FAECAD. Ele palestrou sobre Teologia da Missão Integral e ecumenismo.
Eu havia pensado que Padilla estaria introduzindo a TMI pela primeira vez nas Assembleias de Deus. Segura já fez isso. Padilla só reforçaria a introdução inicial. A TMI já está presente nas Assembleias de Deus do Brasil por meio de sua instituição teológica mais importante.
Segura informou seus leitores que ele está viajando para São Paulo para falar no congresso Missão Integral: Caminhos e Perspectivas no Século 21. O congresso está acontecendo nesta semana.
De acordo com Segura, esse grande congresso da TMI será patrocinado pela Visão Mundial no Brasil, e terá vários palestrantes que são ativistas da TMI, inclusive René Padilla, Ariovaldo Ramos, Ed René Kivitz, Valdir Steuernagel (a quem ele chamou de amigo e ex-chefe), Christian Gillis, Carlos Pinheiro Queiroz, Ziel Machado e Regina Sánchez.
Ariovaldo Ramos, um dos principais ativistas da TMI no Brasil, é famoso por ter defendido os socialistas Hugo Chavez e Dilma Rousseff. Por que então tentar dizer que a TIM não tem nada a ver com socialismo e política?
Os adeptos da TMI louvam marxistas e defendem políticas marxistas, inclusive a ideologia de gênero, mas recusam o rótulo “marxista” para sua teologia?
Valdir Steuernagel é um líder poderoso na Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB).
A IECLB tem líderes liberais internacionais. O Rev. Walter Altmann, que já foi presidente da IECLB, é moderador do Conselho Mundial de Igrejas e é um teólogo conhecido internacionalmente por defender a Teologia da Libertação (TL).
Steuernagel é conhecido no Brasil como um ativista da TMI e conhecido internacionalmente por ser líder no Movimento Lausanne e na Aliança Evangélica Mundial.
Desse ambiente liberal pró-TL e pró-TMI, o que pode resultar? Um teólogo homossexualista chamado André Musskopf.
Com Altmann, a IECLB está na vanguarda da Teologia da Libertação.
Com Steuernagel, a IECLB está na vanguarda da Teologia da Missão Integral.
Com Musskopf, a IECLB está na vanguarda da Teologia Gay.
É claro que Steuernagel não é mais proeminente em defesa da TMI do que o calvinista Ariovaldo Ramos e Caio Fábio.
A TMI não tem problema algum de andar de mãos dadas com a Teologia da Libertação e a Teologia Gay.
No entanto, se não dá para chamar a TMI e seus adeptos de socialistas e liberais, então conclui-se que não dá para chamar a IECLB e seus líderes de esquerdistas e socialistas.
Se Segura, Padilla e outros evangélicos esquerdistas querem defender a ideologia de gênero na IECLB e outras denominações esquerdistas, eles serão calorosamente bem-vindos ali.
Entretanto, por que insistem em conquistar as Assembleias de Deus, a maior denominação evangélica do Brasil?
Versão em inglês deste artigo: Socialist Theology in the Assemblies of God in Brazil
Fonte: www.juliosevero.com
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