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Lausanne
contra o marxismo
Por Eguinaldo Hélio Souza
Comentário de Julio Severo: O
Prof. Eguinaldo Hélio de Souza mostra como o Pacto de Lausanne é contra o
marxismo. Mas esse é o lado bom de Lausanne, que no seu primeiro congresso
tinha duas correntes principais. Uma, liderada por René Padilla e seus
companheiros da Teologia da Missão Integral. Sob a influência deles, o Pacto de
Lausanne tem o seu lado que agrada aos socialistas, marxistas e comunistas. A
outra corrente, que era conservadora, era liderada por Peter Wagner, que
produziu o lado bom do Pacto de Lausanne, o lado que assume uma postura contra
o marxismo. Havia então nesse pacto palavras e doutrinas ao gosto dos marxistas
e dos conservadores. Hoje, os próprios promotores da Teologia da Missão
Integral (TMI) reconhecem que Lausanne está muito mais cara deles. No ano
passado, por exemplo, Lausanne se reuniu no Brasil numa reunião liderada por
promotores da TMI para condenar a teologia dos neopentecostais, citando
nominalmente Peter Wagner e seu neopentecostalismo. Isto é, a esquerda
avançou e agora vai dar o troco. René Padilla também reconhece que Lausanne é a favor da TMI.
Pena que ninguém tenha levado adiante o legado de resistência conservadora de
Wagner em Lausanne.
Em 1974 se reunia em Lausanne, na Suíça, cristãos do
mundo inteiro para debaterem a cerca da obra de evangelização mundial. Essa
reunião resultou no Pacto de Lausanne, um documento onde estão expressas as
crenças que envolvem este trabalho.
Na década de 1980 foram produzidas cartilhas cujo
propósito era identificar os grandes desafios da Igreja para completar sua
tarefa de levar o evangelho pleno aos povos da terra. Dentre os dez temas
propostos nessas cartilhas estava o marxismo. Com o título de “O Evangelho e o
marxista – Como comunicar o evangelho aos marxistas”, esta série identificou
esta ideologia como uma das grandes opositoras do cristianismo, em teoria e
prática.
Apesar de alguma ambigüidade, não resta dúvida de que
este movimento de evangelização entendeu que a Igreja precisa confrontar as
diversas vertentes da ideologia marxista. Passados mais de trinta anos
caracterizados por contradições e conflitos dentro da esfera ideológica e
política do socialismo se faz necessário relembrar com urgência as advertências
de Lausanne. O comunismo não caiu com o muro de Berlim, apenas adquiriu formas
e estratégias diferentes e o texto dessa obra ainda pode ajudar a revelar a
natureza anticristã do marxismo e as formas de lidar com ele.
A diversidade do marxismo
“O marxismo de hoje não é monolítico”. Se isto era
verdade antes é ainda mais verdade agora. As ideias de Marx se diluíram em
inúmeras seitas ideológicas, mais ou menos radicais conforme acontece nas
religiões. O que nos importa como cristãos é identificar e expor aqueles
elementos que se chocam com a revelação bíblica, não importando onde se
encontrem. Veneno é veneno, seja concentrado ou diluído em muita água.
Usando a Igreja
Nesta obra temos uma advertência muito séria
sobre a relação do marxismo com a Igreja. Ignorando esta advertência a
Igreja foi levada a se aliar com quem lhe pretende destruir, permitiu que sua
teologia se alinhasse com ideias que deveria combater.
“Visando alcançar o que lhes parece ser a finalidade
da justiça e da equidade, estão sempre preparados para usar e explorar
qualquer agente, inspirados na crença de que o fim justificam os meios.
Isso é importante quando se quer compreender a atitude do marxista em face da
igreja. Ele pode até ver com desdém o cristianismo, mas se puder usá-lo para
realizar seus ideais e atingir os objetivos do Partido, não hesitará em fazê-lo”
[Grifo meu]
“Ora, os marxistas consideram a Igreja, na melhor das
hipóteses, irrelevante, e, na pior, como instituição econômica e politicamente
em oposição ao pensamento e à ação marxista, e, portanto, como obstáculo ao
estabelecimento tanto da justiça quanto da paz, mesmo que ela não tenha
conhecimento desse fato. Assim, enquanto os marxistas estão preparados para
usar a igreja na realização de seus objetivos, quando isto lhes parecer
desejável, mostram-se, por outro lado, por outro lado, muito resistentes à
aproximação da Igreja”
Essa prática marxista é atestado por inúmeros exemplos
históricos.
Antítese do cristianismo
Nem toda doutrina que diverge do cristianismo se opõe
diretamente a ele. O mesmo não se pode dizer do marxismo. Esta é anticristã em
suas raízes, fato bem reconhecido pela Comissão Lausanne, que escreveu:
“O marxista acredita que o marxismo oferece uma visão
de mundo totalmente abrangente. Esta visão se baseia no determinismo econômico,
que nada vê além do universo material. Ele proclama-se científico, e, portanto,
correto, em sua análise da história, da economia e da sociologia. Os marxistas
estão plenamente convencidos de seu ateísmo e, consequentemente, uma boa
parte de seu pensamento está destinada a erigir-se em antítese ao cristianismo”
[Grigo meu]
“Deixamos de levar a sério o poder do treinamento
marxista na análise da história da religião, o vigor com que a teoria do
materialismo dialético é sustentada, e a integral contradição e antítese da
cosmovisão marxista em face da cristã” [Grifo nosso]
A lenda do “cristão
marxista”
A Comissão sabia muito bem o que era o marxismo e por
esse motivo entendia que qualquer tipo de aliança ou mesmo aproximação com o
mesmo seria impossível. Cristão marxista era algo tão inconcebível quanto um
fogo frio ou uma maldade boa. Infelizmente, estas percepções foram perdidas na
teologia e na prática, possibilitando alianças políticas, teológicas e
intelectuais com o marxismo.
“O marxismo é uma filosofia e um programa. Como um
todo, é fundamental e incontornavelmente ateu. Por essa razão, notamos no
conceito “marxista cristão” uma contradição de termos”. [Grifo nosso]
Apossando-se da educação
Um sério alerta de Lausanne diz respeito a ação
marxista de tomar posse dos meios acadêmicos e escolares a fim de incutir nas
gerações mais novas sua visão de mundo e seus valores. Essa é uma lição da
história. Assim fizeram os jesuítas no Brasil e em outras partes do mundo.
“Nos países marxistas, a educação dominada pela
análise marxista da história e da religião colocou a evangelização cristã em
uma posição bastante desvantajosa, já que, inevitavelmente, todas as pessoas,
inclusive aquelas que não tem compromisso com o marxismo, sofrem uma influência
forte da filosofia dialético-materialista. Foi nessa área, principalmente, que
alguns grupos se sentiram forçados a descrever o marxismo como demoníaco e
satânico”.
Não é preciso muita perspicácia para perceber que
nossa educação está hoje totalmente tomada pela visão de mundo esquerdista.
Começando na USP e outras universidades federais, essa visão distorcida da
realidade chega as salas de aula de todas as classes, do fundamental ao nível
superior, há uma saturação marxiana.
O maior expoente dessa estratégia foi Antonio Gramsci,
membro do Partido Comunista Italiano, que com seus Cadernos do Cárcere, ensinou
a estratégia de infiltração e ocupação dos espaços. O propósito é alterar a
cultura lentamente até que a mentalidade da sociedade seja marxizada.
Esta atuação do marxismo na educação brasileira foi
reconhecida pelo missiólogo Timóteo Carriker:
“Este paradigma atual também se alimenta do pensamento
histórico-cultural, divulgado pelos escritos de Antonio Gramsci, que até o final
da década de 1980, encontrou respaldo nacional. O pensamento histórico-cultural
divulgado por Gramsci, compreende a ligação da educação com a política, e a
importância da educação das camadas populares como parte essencial da
democratização [leia-se marxização – Nota do autor] da sociedade e do
surgimento de uma nova hegemonia [leia-se hegemonia socialista – Nota do
autor]. Este tipo de ação atingiu mesmo o pensamento teológico acadêmico.
A história da Igreja
“Não devemos consentir que os marxistas escrevam para
nós a história da Igreja. Há muito já deveria ter sido desenvolvida uma
relevante apologética na obra de evangelização dos marxistas”
Quem passa pelo sistema escolar e ainda mais na
faculdade é submerso em crítica histórica ao cristianismo. A impressão é que a
Igreja existiu para estragar o mundo. Todos os males históricos são atribuídos
ao cristianismo, enquanto nada se houve sobre os cem milhões de mortos sobre o
comunismo. Se nós não valorizarmos os feitos históricos dos cristãos e do cristianismo,
o sistema escolar marxizado não o fará.
A série Guia Politicamente Incorreto, abrangendo
Brasil, América Latinae Mundo, escrito por Leandro Narloch é uma quebra dos
paradigmas historiográfico produzido por esses quarenta anos de influência marxista.
Possibilita uma visão na viciada do olhar sobre a história, desnudando
heroísmos esquerdistas e preenchendo lacunas para a compreensão exata de fatos.
Necessidade de
confrontação
Lausanne destaca ainda a necessidade de confrontação e
preparo teológico para enfrentar o marxismo. Seja ele acadêmico, político,
filosófico, pessoal ou (Deus tenha misericórdia) teológico, ele é falso à luz
da Bíblia e precisa ser confrontado como qualquer ideologia errada. Algumas
afirmações da obra da Comissão Lausanne são bastante contundente:
“...as falhas do sistema marxista precisam ser
expostas; silenciar sobre isso seria um erro. A franca discussão com os
marxistas em torno dessas falhas, pode ser poderosa e eficaz, desde que
conduzida em um ambiente sincero”
“Também sugerimos que se desenvolvam discussões em
torno (...) histórico das ações desumanas perpetrada pelos marxistas”
“Os cristãos devem ter uma sólida base bíblica e
conhecer bem a economia, a política, a história da igreja, a história secular e
a filosofia.
Esse alvo não se atinge facilmente, mas pode ser
alcançado com um treinamento constante. Para facilitá-lo, recomendamos às
escolas bíblicas, aos seminários e a outras escolas cristãs que reconheçam a
influência do marxismo sobre nossa época [Grifo nosso] e adotem cursos
relativos a este assunto em seus currículos”
“A cosmovisão marxista, oficialmente promovida através
de instituições educacionais controladas pelo Estado, parece permear a
estrutura mental dos europeus orientais [e do Brasil também – Nota do autor]. A
Igreja está envolta nesse pensamento, e os membros da Igreja não se acham
isentos dessa influência penetrante. Portanto, há uma necessidade imperiosa de
oferecer treinamento teológico visando uma evangelização capaz de fixar uma
apologética cristã para o desafio marxista”.
Ainda restariam inúmeros pontos a serem destacados
nesta obra produzida pela Comissão Lausanne focando o marxismo. No entanto,
esta voz de um passado não muito longínquo já é suficiente para mostrar o
quanto a Igreja brasileira foi negligente em ouvir estas advertências. Se assim
tivesse feito ao invés de deixar-se submergir numa cosmovisão antibíblica,
anticristã e diabólica teria sido instrumento de bênção para a nação, evitando
situações nocivas no momento, bem como as perspectivas tenebrosas no horizonte.
Fonte: www.juliosevero.com
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