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Cresce o
número dos que se dizem decepcionados com o Partido dos Trabalhadores. As
manifestações de rua e as páginas dos jornais o atestam com exuberância.
O PT do Mensalão, da introdução da Venezuela no Mercosul e das
capitulações diante de Evo Morales ter-se-ia tornado fisiológico,
oportunista, enganador e, ademais, só preocupado com o avanço da esquerda
no mundo, pouco ligando para o interesse público. Uma
decepção inteiramente explicável, mas que repousa sobre um equívoco, a
respeito do qual queremos tratar aqui.
O
equívoco consiste em achar que houve uma mudança no PT. Não, não houve. O
PT nunca foi aquele partido idealista, impoluto, voltado para o bem do
País, que a propaganda anunciava. Aqui reside o engano. Explico-me.
Desde
sua origem o PT sofre forte influência marxista, que lhe vem tanto da esquerda
católica quanto da esquerda leiga que o constituíram. O PT não é nem
nunca foi um partido criado para resolver os problemas da vida presente;
pelo contrário, seu objetivo é conformar a sociedade e o Estado segundo
os ditames teóricos traçados no século XIX por Marx e seus sequazes. Suas
ideias sobre a pobreza, a luta de classes, as desigualdades, e tantas
outras, recendem ao marxismo mais transato.
Coerente
com a doutrina marxista existe a moral marxista –– na realidade, a não
moral ou imoral –– segundo a qual é bom tudo que ajuda a implantar o
socialismo, e mau o que impede ou dificulta sua implantação. Apropriar-se
dos bens públicos será bom se ajudar a socialização, e manter a palavra
dada ou desmenti-la se fará na medida em que favorecer a causa. Perseguir
alguém ou favorecê-lo independe de seus méritos pessoais, o importante é
saber o que convém mais à causa.
Já o
teórico comunista V. Kolbanoski escrevia em 1947: “Só é moral a
conduta dos homens baseada na grande luta pela libertação da humanidade
de todos os jugos e de quaisquer formas de exploração. [...] Durante a
transformação socialista da sociedade, realiza-se entre os homens uma
renovação do sistema moral. [...] Ensinar a moral comunista é, antes de tudo,
educar os homens soviéticos, a juventude soviética em particular, no
espírito de uma dedicação sem limites à causa do comunismo e de abnegação
ao serviço da pátria socialista” (A Moral Comunista, Problemas
- Revista Mensal de Cultura Política nº 17 – Rio de
Janeiro, Fevereiro/Março de 1949).
De
acordo com essa lógica, para um petista autêntico, nada do que o PT tem
feito é imoral. De modo que o PT não mudou. É o mesmo de sempre, desde
que foi articulado pela esquerda católica e a esquerda leiga.
Fica a
pergunta: os novos impolutos que estão aparecendo no cenário político
serão diferentes?
Gregório Vivanco Lopes (*)
(*) Gregório Vivanco Lopes é advogado e colaborador da
Agência Boa Imprensa (ABIM)
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