Terça Livre: Sem liberdade para pensar, mas livre para xingar e ser zumbi
Julio Severo
O Terça Livre, um programa que, muito mais que católico, é olavete, resolveu me atacar e, em meio a muitos gritinhos, xingamentos e palavrões, o dono Allan dos Santos diz: “Julio só ganhou alguma notoriedade depois do apoio do Olavo de Carvalho.” (Confira: https://youtu.be/_6ULgt7INus)
Tenho sido, nos anos passados, atacado várias vezes pela entidade americana People for the American Way (PFAW). Confira os ataques aqui: http://bit.ly/2e2MjP0
Então significa que eu ganhei toda essa “notoriedade” e inimizade pública da Esquerda americana porque o Olavo me tornou conhecido nos EUA? Como é possível, senhor Allan, se PFAW nem conhece o Olavo? Mas aposto que se algum dia o Olavo for atacado uma única vez por PFAW, ele vai festejar que finalmente a Esquerda americana notou que ele existe.
De acordo com o WND, um dos maiores sites conservadores do mundo, People for the American Way (PFAW) é “uma organização socialista ateísta que, por meio de publicações como seu ‘Right Wing Watch’ [Observatório da Direita] se dedica à destruição dos conservadores em geral.”
Eu estou na lista negra da PFAW. Olavo não está.
Na década de 1980, quando Olavo era um mero astrólogo comunista, eu já tinha contatos com o Pe. Paul Marx, fundador da Human Life International, a maior entidade pró-vida católica do mundo, e com os principais líderes pró-vida do Brasil.
Mesmo assim, Allan busca acusar que eu era menor do que seu universo minúsculo, tentando passar a ideia de que em a.O., eu não era conhecido e que só depois de d.O. é que supostamente ganhei, como ele diz, “alguma notoriedade.”
Para os cristãos, o mundo gira em torno de a.C. (antes de Cristo) e d.C. (depois de Cristo). No minúsculo universo intelectual dos olavetes, tudo gira em torno de a.O. (antes do Olavo) e d.O. (depois do Olavo). Portanto, a história do Allan é: em a.O., ele era evangélico. Em d.O., ele é um fiel devoto de São Olavo, da Igreja Católica Neocon Romana.
Nesse sentido, depois de conhecer o Olavo ganhei “alguma notoriedade” — no universo dele, pois fora do universo dele nunca fui desconhecido.
Tantos gritinhos e xingamentos para quê? Parece mais criança exibicionista que quer aparecer para o pai fazendo gracinhas. No caso, o pai espiritual do Allan é o astrólogo boca suja, cuja notórias previsões sobre Rússia e Trump deram previsivelmente errado.
Insinuar que Olavo me tornou conhecido é falta de conhecimento. Em 2003, sob orientação do Olavo de Carvalho o Mídia Sem Máscara fez contato comigo para me convidar para ser colunista. A iniciativa toda foi deles, não minha. Apesar de me convidarem, pediram que eu apresentasse evidência documentada de que eu tinha fama no meio evangélico.
Apresentar a evidência não foi difícil. Na época, eu tinha um livro publicado pela Editora Betânia, uma das maiores editoras evangélicas do Brasil. Mandei um exemplar ao Mídia Sem Máscara (MSM). Eu tinha artigos e entrevistas publicados em importantes revistas evangélicas do Brasil. Um artigo meu foi publicado na primeira revista da Frente Parlamentar Evangélica. Não me faltavam então provas de que eu tinha destaque. Tudo isso antes de a.O.
Por isso, a acusação de alguns olavetes de que antes de eu ser colunista do MSM eu era desconhecido, não procede. Ou que antes de eu conhecer o Olavo, eu era desconhecido, também não procede. Eu fui convidado para o MSM justamente porque eu não era desconhecido e provavelmente porque eu tinha condições de divulgar o MSM, que de fato fiz. Antes, ninguém conhecia o MSM e o Olavo na Frente Parlamentar Evangélica (FPE). Depois, todos passaram, através de mim, a conhecer. Afinal, não é qualquer um que faz o discurso de abertura de uma instituição como a FPE. Eu tive a honra de fazer esse discurso na primeira conferência da FPE. Hoje, se você pergunta a qualquer líder mais antigo da Frente Parlamentar Evangélica como foi que ele conheceu o Olavo, ele vai dizer: Através do Julio Severo.
Contudo, o Olavo nunca foi o centro da minha vida, porque esse centro já estava ocupado — por Jesus Cristo.
O centro do universinho do Terça Livre é o Olavo, que:
· defende a Inquisição, que torturava e matava judeus e evangélicos;
· fala palavrões dos mais bizarros e imundos, xingando desafetos na Direita e na Esquerda, não poupando nem Lutero nem Calvino;
· faz proselitismo ocultista, que vai contra seu suposto catolicismo;
· e depois proclama, com o maior ar de superioridade moral e filosófica, que é o Papa Francisco que merece excomunhão.
Se o Allan erra feio em assuntos de religião e política, é porque segue fielmente o astrólogo. Ele trabalha em regime de escravidão intelectual (se é que existe nele intelecto ou capacidade de usá-lo, pois até onde vi, a única coisa que ele sabe fazer bem é dar gritinhos e xingar).
Não é só em assunto de religião que Olavo erra feio. Ele erra feio também em política e geopolítica, mas a maioria dos que o seguem são desprovidos de conhecimento suficiente para detectar que ele nada mais faz do que expor ideias neocons. Confira: http://bit.ly/2exXv3p
A causa dos gritinhos, acusações e xingamentos do Allan é que escrevi um pequeno artigo questionando as acusações que gente como ele faz contra o Papa Francisco, dizendo que ele é “comunista.” No artigo, registrei uma citação de São Tomás de Aquino. Veja: http://bit.ly/2f5NLOO
Meu artigo não contém um único xingamento ao Papa Francisco e São Tomás de Aquino. E em nenhum momento o Allan conseguiu provar que a citação de São Tomás de Aquino não é verdadeira. Tudo o que ele conseguiu provar é que sabe xingar e gritar.
Pessoas educadas que têm argumentos não xingam. Pessoas deseducadas sem argumentos xingam.
Será por isso que Olavo de Carvalho xingou Lutero e Calvino de dois “filhos da p**a”? Se ele não fosse, no universinho dele, tratado como um deus em forma humana, seus seguidores poderiam dizer que ele não tem argumentos. Mas como nenhum deles foi ensinado a pensar, concordam e, por mais que ele os xingue e humilhe, mais eles o adoram, lambendo-lhe as botas com a adoração voraz de um cão que ama incondicionalmente sem pensar.
Se o que citei do Papa Francisco e São Tomás de Aquino foi interpretado maliciosamente como “ataque à Igreja Católica,” o que são os xingamentos descarados do Olavo contra Lutero, Calvino e os evangélicos, inclusive minha pessoa?
Afinal, isso é conservadorismo ou defesa de um catolicismo radical que surfa em cima da inocência de conservadores evangélicos que participam de movimentos supostamente conservadores sem desconfiarem que a meta suprema é imitar o Olavo xingando os evangélicos e exaltando um catolicismo radical que se acha acima do papa e da liberdade de expressão?
Os que estão intelectualmente presos no universinho olavético (dominado por um olavismo estridentemente anti-evangélico, antibíblico e pró-Inquisição), acham sinceramente que o olavismo representa o verdadeiro e único conservadorismo. Isso está muito longe da realidade. Os evangélicos deram vitória a Trump. Confira: http://bit.ly/2eMyGnF
No Brasil, são os evangélicos que estão liderando o movimento conservador. Confira: http://bit.ly/2eEOkiP
Se o Allan deixou de ser evangélico para ser olavete achando que se tornaria melhor conservador, ele caiu do cavalo!
Quanto ao Terça Livre, é um programa que está unicamente a serviço do Olavo, em palavrões e ataques aos desafetos na Direita e na Esquerda, inclusive Lutero e Calvino.
Até mesmo ex-olavetes apontam erros grosseiros no programa Terça Livre. O blog Liberto Prometheo é um deles. Eu não concordo com o Liberto Prometheo em tudo porque eles apresentam problemas e vícios típicos do olavismo, inclusive tentativas doentias de reabilitar a máquina assassina da Inquisição. Isso mostra que há neles mais olavismo do que eles estão dispostos a admitir.
Mas o mais importante aqui é: Não é necessário um evangélico para expor o papel ridículo de olavetes católicos. Os próprios católicos fazem isso. É o que o Liberto Prometheo fez, dizendo:
Tivemos recentemente uma breve amostra do resultado do trabalho de resgate da “alta cultura” no país que está sendo promovido pelo Seminário de Filosofia do Olavo de Carvalho. Isso ocorreu na forma de um Hangout envolvendo dois de seus mais destacados discípulos: Allan dos Santos e Ítalo Lorenzon.
Já o que se viu no Hangout foi ainda mais patético, pois o que os dois protagonizaram foi um hilário show de ignorância e pretensão.
O tema era a recente tentativa de golpe militar contra o presidente turco, que, naquele momento, ainda estava em andamento.
Abordemos agora a luta travada por Allan dos Santos ao tentar, mais de uma vez, pronunciar o nome do Presidente turco. Aos 22m22s, ele manda um recado para alguém que assistia e criticava sua dificuldade em pronunciar o nome de Erdogan. Allan o xinga e justifica o erro dizendo que não tinha obrigação de saber pronunciar um nome em língua turca.
Analisemos essa resposta:
1. Percebam que não se trata de um nome como o do influente geo-estrategista de origem polonesa Zbigniew Brzezinski, que possui uma combinação de letras que sugere uma pronúncia totalmente estranha ao que é típico da língua portuguesa.
2. 2. Alguém de fato esperava que Allan pronunciasse Erdogan como um nativo turco? É claro que não. O que se esperava dele, e de qualquer outro brasileiro alfabetizado, é que, diante da combinação das letras e-r-d-o-g-a-n, o leitor conseguisse ler “Er-do-gãn.” Só isso! No entanto, Allan tenta ler o nome mais de uma vez, e só consegue fazê-lo de forma aceitável para um brasileiro letrado na terceira tentativa.
3. 3. Mas a minha intenção aqui não é massacrá-lo pelo erro, e sim mostrar como as olavettes se esforçam em construir uma imagem de “alta cultura” absolutamente sem estofo que a sustente. É evidente que Allan dos Santos não acompanha política internacional para poder comentá-la, ou teria cruzado tantas vezes com o nome de Erdogan que qualquer dificuldade inicial já teria sido superada.
A propósito, essa semana mesmo, no site Como Educar seus Filhos, cujo proprietário também é olavette, foi publicado um artigo do pedagogo Luiz Moura sobre o construtivismo em que ele aponta, entre outras coisas, os problemas da alfabetização pela whole language:
Aprender a ler com base em textos, aprender a ler privilegiando as habilidades cognitivas superiores, aprender a ler do todo para a parte, aprender a ler dando valor à função social da linguagem, tudo isso é whole language, tudo isso é construtivismo aplicado à alfabetização, tudo isso é letramento. Ora, tentaram aplicar o whole language também em Israel. Mas, como o desempenho em leitura dos alunos israelenses começasse a cair, o Knesset, parlamento de Israel, formou um grupo coordenado pela cientista Rina Shapira para buscar entender o que estava acontecendo. Eles rapidamente identificaram a universidade de onde vinham as iniciativas de implementar essa abordagem pedagógica e fecharam seu departamento de letramento, demitindo todos os professores.
Foi precisamente isso que Allan dos Santos fez: tentou ler o nome que lhe era estranho a partir do todo, em vez de aplicar a estratégia de decodificar as partes — a relação entre cada letra e seu respectivo som em português — para conseguir ler a palavra inteira.
Ou seja, uma das olavettes mais destacadas, que mantém um canal no Youtube cuja finalidade é “promove[r] a boa cultura,” além de se meter a analisar uma complexa situação da qual não conhece nem o básico, não foi nem sequer devidamente alfabetizada!
Para mim, é difícil até acreditar que esse pessoal do Terça Livre realmente se leve a sério. Chego mesmo a suspeitar que sejam um spin-off secreto do pessoal da Terça Insana para acabar com a reputação da direita nacional.
O que dizer, Allan? Em vez de ficar balbuciando sem parar “Olavo tem razão,” não seria melhor, só esta vez, confessar o óbvio “O Liberto Prometheo tem razão”?
Eu não vou exigir que o Allan se retrate e diga: “O Julio Severo tem razão em refutar minhas bobeiras.” Mas é evidente que com a falsa acusação (o Julio ficou famoso às custas do Olavo) e xingamentos, o Allan provou que perdeu toda a razão — se é que um dia ele já teve.
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Um comentário :
Postei e divulguei muitas vezes teu trabalho mas também admiro profundamente o trabalho de Julio Severo. Sugiro que você pondere o que ele escreveu e que repostamos acima para que todos nós ganhemos nesta luta contra a ESQUERDOPATIA BRASILEIRA. Vamos melhorar nosso linguajar sem fazer o que OC faz, usando este mau comportamento como ferramenta para destruir argumentos de terceiros. Pessoas de bem não precisam fazer uso desta técnica Gramsciana. Vamos fazer um trabalho limpo, sem palavrões, como Julio e vários outros vem desenvolvendo, como a queridissima Joyce Hassellman, Villa, Rachel Sheerazade e muitos outros.
Pegou mal amigo... Não entre pelo caminho dos palavrões pois isto te desmoralizará.