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Há quatro mil anos um escriba caldeu – talvez na Babilônia,
atual Iraque – gravou a narração do Dilúvio numa tabuleta de argila.
O ignoto autor escreveu a narração daquele fato
histórico-religioso único com caracteres cuneiformes (em forma de
cunha). Por certo, narra uma tradição fincada há séculos entre os
caldeus, que eram pagãos.
O que ele nunca poderia saber é que sua tabuleta atravessaria
dezenas de séculos, até ser decifrada no III milênio numa cidade que não
existia em sua época: Londres.
Há cerca de 30 anos, o Dr. Irving Finkel, curador no
Departamento do Oriente Médio do famoso British Museum de Londres e
assiriologista (especialista na Assíria, Mesopotâmia antiga), manuseando
a tabuleta, percebeu que se tratava de um dos mais importantes achados
dos últimos tempos. Aliás, era uma entre as 130.000 trazidas da
Mesopotâmia por arqueólogos ou expedicionários ingleses.
Em 2009, traduzindo os milenares caracteres, Dr. Finkel percebeu
que se tratava com certeza de uma narração parcial do Dilúvio, feita por
um habitante da Assíria (atual Iraque).
A tabuleta fala que Deus alertou um grande homem, instruindo-o a
construir um navio onde deveria reunir toda sua família e dois animais
de cada espécie, porque o mundo seria purificado com um dilúvio.
Nas mais variadas culturas de todos os continentes existem
tradições alusivas a um dilúvio global, com paralelismos espantosos
entre si, as quais foram documentadas em mais de 250 contextos culturais
diferentes.
Segundo a popular Wikipedia, “antropólogos dizem que há mais de
1.000.000 de narrativas do dilúvio em povos e culturas diferentes do
mundo, e todas elas, coincidentemente ou não, são do início destas
civilizações”.
É como se todos os povos tivessem uma origem comum e, uma vez
dispersos, levaram consigo as lembranças e tradições comuns que
registraram mais tarde como fazendo parte do início da história de cada
um.
Em 60 linhas, a tabuleta descreve detalhadamente a construção
da arca, a matéria-prima usada, seu formato, suas dimensões e o ingresso
dos animais por pares.
Baseado na tabuleta, o Dr. Finkel disse: “A história do Dilúvio é
extremamente antiga e deriva de uma inundação real que aconteceu muito
antes da invenção da escrita, talvez milênios antes”.
O Gênesis fala de uma época muito anterior à da tabuleta e
precede outros relatos, reforçando a ideia de que esse livro sagrado
contém a narração original, verdadeira, transmitida à posteridade pelas
testemunhas.
O único a conservar sem distorções a lembrança do Dilúvio foi o
povo eleito. Os vizinhos mais próximos dele guardaram-na mais parecida
com a narrativa do Gênesis.
O trabalho do Dr. Finkel nos fornece assim mais uma prova
arqueológica da historicidade do Dilúvio e da autenticidade do relato da
Bíblia.
( * ) Luis Dufaur é escritor e colaborador da ABIM
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