UM NOVO TIPO DE PRECONCEITO
Evidentemente,
o termo racismo, que se refere a uma atitude preconceituosa em relação ao
diferente, origina-se da palavra raça a qual, por sua vez, representa um
conceito exclusivo ou precipuamente biológico, a saber: populações relativamente isoladas e
distintas de outras em função de suas peculiaridades hereditárias. Sendo assim,
haveriam basicamente três troncos racias no mundo: o mongolóide (amarelo), o
caucasóide (branco) e o negróide (negro). Disto, o racismo afirma existirem
raças puras e superiores e outras mestiças e inferiores cujas genéticas
determinariam suas características comportamentais, culturais e morais a fim de
justificar a hegemonia política, histórica e econômica de umas sobre
outras.
A despeito do que se possa pensar, o conceito de
racismo é recente na história da humanidade e tem sua origem intelectual mais
conhecida no pensamento evolucionista do naturalista inglês Charles Darwin
(1809-1882) cuja obra, A Origem das Espécies (1859), inspirou teorias
que em conjunto são denominadas pela
expressão Darwinismo Social. Este darwinismo, por sua vez, originou
pseudociências como a craniometria, a antropologia criminal e a eugenia, além
de haver motivado a criação de museus antropológicos; verdadeiros zoológicos
humanos. Tendo ainda animado regimes políticos ditatorias e totalitários como o
imperialismo, o comunismo, o facismo e o nazismo.
Embora alguns confundam xenofobia com racismo pelo
fato de que, provavelmente, este tenha surgido daquela, ao menos como uma de
suas fontes, a rigor, na antiguidade não existia a mesma espécie de preconceito
racista que se observa atualmente. O preconceito na antiguidade era tipicamente
xenofóbico, isto é, alimentado pela desconfiança, temor ou antipatia por
pessoas e elementos de culturas estranhas a um determinado meio ou país. Um
exemplo disto foram as relações de vencedor e cativo, típicas dos povos ou
nações antigas, as quais independiam da raça, visto que era frequente a guerra
e o domínio de povos sobre outros de mesma matriz racial. Outro exemplo
registrado pela história antiga foi o desprezo recíproco que nutriam gregos e
romanos, além do conhecido sentimento de superioridade dos judeus em relação a
outras culturas.
Quanto
a validade científica do racismo e de sua formulação teórica mencionada acima,
observa-se que, diferentemente dos animais inferiores, a vida e a personalidade
do indivíduo humano, embora influenciadas por elementos biológios, não são
determinadas por estes. De sorte que o meio social, a educação e as
experiências pessoais exercem, ao longo de sua vida, influência
significativamente mais importante no processo de formação da pessoa.
Outrossim, por nunca haver ocorrido isolamento absoluto entre os grupos humanos
e devido às migrações, a rigor, não existe algo como raça pura. Por isso,
hodiernamente, o termo que expressa melhor a realidade dos tipos humanos é
etnia, visto envolver num só conceito traços físicos e culturais, além dos
sentimentos de identificação e pertencimento característicos de indivíduos e
grupos diferentes que convivem no mesmo espaço.
Por
outro lado, de acordo com o auspicioso Projeto Genoma, coordenado pelo eminente cientista Dr. Francis Collins, as diferenças genéticas
entre as raças humanas são irrelevantes, ficando as distinções,
predominantemente, a cargo dos fenótipos, isto é, das aparências físicas
diversas.
Enfim,
é manifesta ou notória a ausência de fundamentação e justificação histórica e
científica para o preconceito racista tal como o fenômeno se apresenta
atualmente. Muito embora, tenha suas raízes no preconceito em geral,
especificamente na xenofobia, é, na verdade, um tipo novo de preconceito. O
qual, como a maioria deles, pode ser solucionado com educação, conhecimento e
tolerância nas relações interpessoais.
[1] Bacharel em Teologia pela Faculdade de
Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil - FACETEN e professor do
Seminário Teológico Batista do Ceará - STB/Ce, e-mail: e.emmanuellinsmaia@hotmail.com. 2016.
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