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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

UM NOVO TIPO DE PRECONCEITO

UM NOVO TIPO DE PRECONCEITO

Esdras Emmanuel Lins Maia*

Evidentemente, o termo racismo, que se refere a uma atitude preconceituosa em relação ao diferente, origina-se da palavra raça a qual, por sua vez, representa um conceito exclusivo ou precipuamente biológico, a saber: populações relativamente isoladas e distintas de outras em função de suas peculiaridades hereditárias. Sendo assim, haveriam basicamente três troncos racias no mundo: o mongolóide (amarelo), o caucasóide (branco) e o negróide (negro). Disto, o racismo afirma existirem raças puras e superiores e outras mestiças e inferiores cujas genéticas determinariam suas características comportamentais, culturais e morais a fim de justificar a hegemonia política, histórica e econômica de umas sobre outras.                       


A despeito do que se possa pensar, o conceito de racismo é recente na história da humanidade e tem sua origem intelectual mais conhecida no pensamento evolucionista do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) cuja obra, A Origem das Espécies (1859), inspirou teorias que em conjunto são denominadas  pela expressão Darwinismo Social. Este darwinismo, por sua vez, originou pseudociências como a craniometria, a antropologia criminal e a eugenia, além de haver motivado a criação de museus antropológicos; verdadeiros zoológicos humanos. Tendo ainda animado regimes políticos ditatorias e totalitários como o imperialismo, o comunismo, o facismo e o nazismo.

Embora alguns confundam xenofobia com racismo pelo fato de que, provavelmente, este tenha surgido daquela, ao menos como uma de suas fontes, a rigor, na antiguidade não existia a mesma espécie de preconceito racista que se observa atualmente. O preconceito na antiguidade era tipicamente xenofóbico, isto é, alimentado pela desconfiança, temor ou antipatia por pessoas e elementos de culturas estranhas a um determinado meio ou país. Um exemplo disto foram as relações de vencedor e cativo, típicas dos povos ou nações antigas, as quais independiam da raça, visto que era frequente a guerra e o domínio de povos sobre outros de mesma matriz racial. Outro exemplo registrado pela história antiga foi o desprezo recíproco que nutriam gregos e romanos, além do conhecido sentimento de superioridade dos judeus em relação a outras culturas.
            Quanto a validade científica do racismo e de sua formulação teórica mencionada acima, observa-se que, diferentemente dos animais inferiores, a vida e a personalidade do indivíduo humano, embora influenciadas por elementos biológios, não são determinadas por estes. De sorte que o meio social, a educação e as experiências pessoais exercem, ao longo de sua vida, influência significativamente mais importante no processo de formação da pessoa. Outrossim, por nunca haver ocorrido isolamento absoluto entre os grupos humanos e devido às migrações, a rigor, não existe algo como raça pura. Por isso, hodiernamente, o termo que expressa melhor a realidade dos tipos humanos é etnia, visto envolver num só conceito traços físicos e culturais, além dos sentimentos de identificação e pertencimento característicos de indivíduos e grupos diferentes que convivem no mesmo espaço.

            Por outro lado, de acordo com o auspicioso Projeto Genoma, coordenado pelo eminente cientista Dr. Francis Collins, as diferenças genéticas entre as raças humanas são irrelevantes, ficando as distinções, predominantemente, a cargo dos fenótipos, isto é, das aparências físicas diversas.

            Enfim, é manifesta ou notória a ausência de fundamentação e justificação histórica e científica para o preconceito racista tal como o fenômeno se apresenta atualmente. Muito embora, tenha suas raízes no preconceito em geral, especificamente na xenofobia, é, na verdade, um tipo novo de preconceito. O qual, como a maioria deles, pode ser solucionado com educação, conhecimento e tolerância nas relações interpessoais.




[1]          Bacharel em Teologia pela Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil - FACETEN e professor do Seminário Teológico Batista do Ceará - STB/Ce, e-mail: e.emmanuellinsmaia@hotmail.com. 2016.

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