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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Evangélicos castrados por amor à unidade no conservadorismo político?

Evangélicos castrados por amor à unidade no conservadorismo político?

Julio Severo
Um famoso pastor se queixou nesta semana de que estão usando pregações antigas dele contra a idolatria no catolicismo para causar divisão entre católicos e evangélicos, especialmente divisão no movimento conservador.
O mais preocupante é que, por amor a essa união que é mais política do que qualquer outra coisa, o pastor parecia quase que arrependido de ter pregado, com base na Bíblia, sobre o assunto da idolatria no catolicismo.
Penso que é saudável se, com base na Bíblia, católicos apontarem erros dos evangélicos, e vice-versa. O conservadorismo, por melhor que seja na luta pela manutenção de valores, não vai salvar ninguém do inferno. Por isso, precisamos apenas da Bíblia para nos guiar para valores, visões e missões maiores. A missão maior do cristão é pregar Cristo, não pregar ativismo político, que não salva, não cura e não liberta. O ativismo político, por melhor que seja, deve ficar em segundo lugar. O primeiro lugar é sempre para Jesus e sua missão de pregarmos que ele salva, cura e libera. Sem esse foco, nosso conservadorismo é inútil.
Se para os católicos, o conservadorismo é de fato uma meta importante, por que se preocupar com a pregação de um pastor sobre idolatria e catolicismo? Não há no catolicismo problemas muito maiores do que a mera pregação contra idolatria? Sim, há. Há a Teologia da Libertação, que grassa desde a CNBB até o Vaticano. É inegável (e tolo negar) que a CNBB e o Vaticano estão num direcionamento esquerdista.
Agora, se o pastor famoso lidasse com a questão da idolatria chamando os católicos de trouxas ou xingando-os de outra forma, seria reprovável. Podemos apresentar bons argumentos bíblicos sem recorrer a baixarias. Podemos também defender o conservadorismo sem deixarmos de ser evangélicos. Para quê nos castrarmos?
O pastor não xingou, ao contrário de um padre que, ao falar de uma suposta necessidade de se rezar para os santos, xingou os evangélicos de trouxas e não perde uma única oportunidade, semanalmente, de induzir seus leitores, que incluem evangélicos, ao culto irracional de Maria.
O tal padre, ao ser convidado pela bancada evangélica para falar sobre assuntos pró-vida, não teve receio de colocar na mesa uma grande estátua da Aparecida, como se isso fosse símbolo aceitável comum entre os cristãos. É, na verdade, um símbolo altamente ofensivo à Bíblia e seus valores. Mas o padre não se importou em se abster de sua evidente idolatria por amor a uma unidade no conservadorismo, assim como ele também não se abstém de defender a Inquisição, que matou evangélicos e judeus. A defesa da Inquisição é um atentado grave tanto aos evangélicos e judeus quanto à unidade pró-vida.
O conservadorismo pró-vida atual não nasceu no catolicismo. Sua origem está no evangélico americano Anthony Comstock, que foi o primeiro ativista pró-vida e pró-família da história moderna.
Ele nunca deixou de ser evangélico para ser conservador. E se, como bradam alguns radicais irracionais, ser conservador genuíno é ser católico, então embarquemos na CNBB e no Vaticano para comprovar que isso nada mais é do que ilusão.
Enquanto o padre, sem pudor e receio, leva a Aparecida para eventos pró-vida com evangélicos, induz ao culto de Maria e exalta a Inquisição, o pastor teme que uma pregação antiga contra a idolatria vá prejudicar sua imagem na unidade entre católicos e evangélicos no conservadorismo.
Essa unidade não está castrando católicos, como o referido padre. Por que então está castrando evangélicos?
Se os católicos, por amor a tal unidade, não deixam de falar de sua instituição religiosa como única salvadora, por que os evangélicos deveriam se castrar em sua responsabilidade maior de pregar que a salvação está somente em Jesus Cristo?
Nos EUA, no movimento conservador os evangélicos estão se tornando híbridos por amor à unidade com os católicos, que não estão se castrando. Só os evangélicos estão se castrando. E agora esse mesmo vírus parece estar infectando os evangélicos do Brasil.
O conservadorismo, que não está castrando os católicos nem impedindo-os de defender sua religião, parece estar criando problemas para evangélicos que não conseguem conciliar a missão maior de pregar o Evangelho e a verdade da Bíblia com a missão muito menor de pregar conservadorismo.
A inversão dessa missão fatalmente aleijará os evangélicos.
A solução contra esse aleijamento é obedecermos, em nossa missão maior, às palavras de Jesus para o Apóstolo Paulo: “Fale, e não se cale!”
A pregação do Evangelho genuíno tem muito mais poder de transformar a sociedade do que todos os esforços conservadores juntos.
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