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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Será que Putin é um de nós?

5 de janeiro de 2014

Será que Putin é um de nós?


Será que Putin é um de nós?

Pat Buchanan valoriza “clareza moral” de líder russo em condenar os progressistas dos EUA

Pat Buchanan
Será que Vladimir Putin é um paleoconservador?
Na guerra cultural pelo futuro da humanidade, ele é um de nós?
Pat Buchanan: colunista do WND e ex-assessor do presidente Ronald Reagan
Embora muitos em círculos ocidentais vejam tal pergunta como blasfêmia, considere o conteúdo do discurso sobre o estado da nação que o presidente russo fez.
Claramente com os Estados Unidos em mente, Putin declarou: “Em muitos países hoje, as normas morais e éticas estão sendo reconsideradas.”
“Estão agora exigindo não somente o total reconhecimento da liberdade de consciência, opiniões políticas e vida privada, mas também o reconhecimento da igualdade do bem e do mal.”
Tradução: Embora a privacidade e a liberdade de pensamento, religião e expressão sejam direitos apreciados, igualar o casamento tradicional e o casamento homossexual é igualar o bem com o mal.
Não há confusão moral aí. Isso é clareza moral, quer você concorde ou não.
Certa vez, o presidente Reagan chamou o velho Império Soviético de “o foco do mal no mundo moderno.” O presidente Putin está indicando que os Estados Unidos de Barack Obama podem estar merecendo esse título no século XXI.
Quem pode dizer que ele está sem argumento quando refletimos no fato de que os Estados Unidos adotaram o aborto desenfreado, casamento homossexual, pornografia, promiscuidade e a enorme variedade de valores de Hollywood?
Nossos avós não reconheceriam os EUA em que vivemos.
Além do mais, Putin afirma, a nova imoralidade vem sendo imposta de modo antidemocrático.
A “destruição dos valores tradicionais” nesses países, ele disse, vem “da cúpula” e é “inerentemente antidemocrática porque é baseada em ideias abstratas e vai contra a vontade da maioria do povo.”
Ele não está tendo um bom argumento?
Ministros dos tribunais mais elevados, que não foram eleitos pelo povo, declararam o aborto e os atos homossexuais como direitos constitucionalmente protegidos nos EUA. Juízes têm sido a principal força por trás da imposição do casamento homossexual. O ministro da Justiça Eric Holder se recusou a exigir o cumprimento da Lei de Defesa do Casamento [frente aos ataques dos ativistas gays que exigem seu “casamento” deformado].
Os Estados Unidos foram descristianizados na segunda metade do século XX mediante ordens judiciais, passando por cima das veementes objeções de uma maioria imensa de um país que era esmagadoramente cristão.
E o casamento homossexual é, de fato, uma ideia “abstrata” sem nenhuma raiz na história ou tradição do Ocidente. De onde veio isso?
Povos do mundo inteiro, afirma Putin, estão apoiando a atitude da Rússia de “defender os valores tradicionais” contra uma “tão chamada tolerância” que “não tem sexo nem fertilidade.”
Embora a postura dele de defender os valores tradicionais venha sendo zombada pelos meios de comunicação e elites culturais do Ocidente, Putin não está errado em dizer que ele pode falar em nome de boa parte da humanidade.
O casamento homossexual tem o apoio dos jovens dos EUA, mas a maioria dos estados ainda resiste, com os pastores negros visíveis na vanguarda da contrarrevolução. Na França, um milhão de pessoas foram às ruas de Paris para denunciar que os socialistas estavam impondo o casamento homossexual.
Das mais que 190 nações que existem, só 15 reconheceram esse tipo de casamento.
Na Índia, a maior democracia do mundo, o Supremo Tribunal derrubou a decisão de um tribunal de primeira instância que havia tornado o casamento homossexual um direito. E é improvável que o parlamento dessa nação socialmente conservadora de mais de um bilhão de pessoas vá querer tão cedo revogar o que o Supremo Tribunal fez.
Nas 50 nações que são predominantemente muçulmanas, que compõem um quarto da Assembleia Geral da ONU e um quinto da humanidade, o casamento homossexual nem mesmo está no debate. E o Papa Francisco tem reafirmado a doutrina católica sobre a questão para mais de um bilhão de católicos.
Embora boa parte dos meios de comunicação dos EUA e do Ocidente o rejeitem como um autoritário e reacionário, um retrógrado, Putin pode estar vendo o futuro com mais clareza do que os americanos que ainda estão presos a um paradigma da Guerra Fria.
A luta decisiva da segunda metade do século XX era vertical, Oriente versus Ocidente. Mas a luta do século XXI pode ser horizontal, com conservadores e tradicionalistas de todos os países organizados contra o secularismo militante de uma elite multicultural e transnacional.
E embora a elite dos EUA esteja no epicentro do anticonservadorismo e antitradicionalismo, o povo americano nunca esteve mais alienado ou cultural, social e moralmente mais dividido do que hoje. 
Os EUA agora são dois países.
Putin diz que sua mãe o batizou secretamente quando ele era bebê e professa ser cristão. E o que ele está dizendo aí é ambicioso, até mesmo audacioso.
Ele está buscando redefinir o conflito mundial do futuro de “Oriente versus Ocidente” como um conflito em que conservadores, tradicionalistas e nacionalistas de todos os continentes e países vão fazer resistência ao imperialismo cultural e ideológico do que ele vê como um Ocidente decadente.
“Não prejudicamos os interesses de ninguém,” disse Putin, “nem tentamos ensinar ninguém como viver.” O inimigo que ele identificou não são os EUA em que nós crescemos, mas os EUA em que vivemos. Putin vê a atual nação americana como pagã e selvagemente progressista.
Sem mencionar diretamente nenhum pais, Putin atacou as “tentativas de se impor modelos de desenvolvimento mais progressistas” em outras nações, o que tem levado ao “declínio, barbaridade e muito derramamento de sangue,” um tiro certeiro nas intervenções americanas no Afeganistão, Iraque, Líbia e Egito.
Em seu discurso, Putin citou o filósofo russo Nicholas Berdyaev, a quem Solzhenitsyn elogiou por sua coragem ao confrontar seus inquisidores bolcheviques. Embora não seja conhecido, Berdyaev é visto de modo favorável no Centro Russell Kirk de Renovação Cultural.
Com isso, a pergunta que surge é: Quem está escrevendo os discursos de Putin?
Pat Buchanan é colunista do WND e foi assessor do presidente Ronald Reagan.
Traduzido por Julio Severo do artigo do WND: Is Putin one of us?
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