JORNAL ELETRÔNICO | NÚMERO 296
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Um
país embasbacado
Trezentos mil nas ruas do Brasil. Para um
país de duzentos milhões de habitantes, um protesto multifacetado, ainda sem
liderança aparente que pretende chamar a atenção da cidadania, através de
gente de todas as camadas sociais, funcionais e estudantis que se reúne e
marcha nas ruas de nossas grandes capitais, pode parecer, em números
absolutos, um movimento com apoio restrito.
A verdade é que não está sendo assim. No Rio
de Janeiro, famílias inteiras e estudantes se dirigiram ao centro da cidade,
mais especificamente, à porta da Igreja da Candelária, para em marcha
pacífica, ganhar a Avenida Rio Branco e, após atravessá-la, desembocar
pacificamente, na Cinelândia. O motivo do protesto está mais do que claro.
Gastos públicos excessivos, falta de investimentos em saúde, educação e
saneamento básico, política econômica do governo em cheque, corrupção e
tantas outras mazelas já há muito conhecidas deste nosso Brasil varonil.
Sucede que em movimentos de massa, não só
gente do bem e com boas intenções, participa.
Com uma enorme cauda vista nesta cidade,
apenas uma vez, protestando nas ruas, na época das Diretas Já, esta imensa e
moderna anaconda formada por seres humanos, na sua esmagadora maioria bem
intencionados, no desenrolar de sua passagem, se dividiu em duas cabeças, no
meio do caminho.
Enquanto a cabeça do bem continuava sua
trajetória, a segunda cabeça, com um número surpreendente de mais de
quinhentos criminosos, resolveu se dirigir até a porta da Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, onde todos os atos de depredação e
vandalismo foram realizados. Desde a utilização de coquetéis Molotov que não
são confeccionados na hora e sim com antecedência, até a depredação da sede
política do Estado que é a nossa casa de leis, passando por incêndios
provocados criminosamente, em carros estacionados nas imediações e arrastados
para a porta do Palácio Tiradentes, até roubo de bancos em seus caixas
eletrônicos, invasão e roubo de casas comerciais nas ruas próximas e
agressões que beiraram tentativas de homicídio contra elementos da PM,
lançados às feras e ao deus dará, sem reforço policial e sem a menor condição
de enfrentar os bandidos que os atacavam e que lá se encontravam com o
propósito deliberado de bater, quebrar, assaltar e violentar.
Fico me perguntando o que devem estar
sentindo os meus dois filhos que foram protestar pacificamente e se depararam
com aparentes companheiros de protesto que na verdade, não estavam lá para
reclamar e sim para perenizar a criminalidade que os estudantes querem
combater.
O país está perplexo. A cidadania aturdida,
os homens de bem, embasbacados, mas os vagabundos e os marginais, exultantes.
Mais uma vez, na história do mundo, meia
dúzia se aproveita de milhares para implantar o terror, o ódio e a cizânia.
A mim, não enganam, na Alemanha de Weimar,
o nazismo mostrou sua cara, da forma absolutamente equivalente ao que ontem
presenciamos.
Aos líderes estudantis brasileiros cabe a
denúncia de quem são estes canalhas. Se não querem trilhar este caminho que
expulsem do seu meio, os criminosos de plantão, sob pena de verem seu
movimento ser também roubado e suas bandeiras jogadas ao chão.
Só nos falta aparecer um Adolf Hitler
tupiniquim para liderar um movimento que insiste em não apresentar
lideranças. Falta liderança clara, falta expelir os vagabundos e falta
elencar as motivações reais dos protestos. Caso não fique tudo muito claro, a
vaca irá para o brejo, como aparentemente já está indo.
Ronaldo
Gomlevsky
Editor Geral - "MENORAH RAPIDINHAS"
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